Querido Pai Natal só já te peço um miminho para o pobre Passos

Meu querido Pai Natal peço-te que ofereças um pouco de sorte a Pedro Passos Coelho. O homem não acerta uma e anda com a vida política feita em fanicos. Vê lá tu que até já vai a reboque da Cristas.

Meu querido Pai Natal, a última vez que te escrevi corria o mês de Dezembro do ano da graça de 2012, andava a malta entroikada e estava quase o Gaspar a dar com os pés ao Passos (salvo seja) para se ir “amantizar” com o FMI, que não só lhe deu uma conta bancária mais compostinha, como muito menos trabalho do que quando tinha de aturar o primeiro e o terceiro – um tal Portas, lembras-te?

Pois cá estou eu mais uma vez para te apresentar a minha lista de prendas para este Natal. Na verdade não é uma lista, é uma só prenda. E nem é para mim. É para alguém que precisa muito mais que eu: Pedro Passos Coelho (sim, ainda anda por aqui na vida política activa, com a bandeirinha na lapela, todo pimpão e cheio de genica, mas com a vida política feita em fanicos). E o que te peço é sorte para o rapaz, só um pedacinho. Uns míseros pozinhos de sorte. É que, sabes, não há nada que lhe corra bem. Vê lá tu que há pouco mais de um ano, ganhou as eleições contra tudo e contra todos e um tal de António Costa arranjou um calhambeque com a esquerda da esquerda, à qual chamaram geringonça, que o apeou do poder com um estalar de dedos. Ele e os que na altura ainda lhe eram próximos ficaram para ir desta para pior. Parece que lhes tinha caído um piano de cauda em cima.

Ao contrário do seu antigo parceiro, o tal Portas - que vê largo e se pôs logo ao fresco e foi para o privado tratar mais ou menos das mesmas coisas que já tratava quando era governante, só que a ganhar muito mais e com menos aborrecimentos - Passos ficou no seu posto. Firme como uma torre de pedra. Tão firme que durante uns tempos ainda pensou que era primeiro-ministro. Mas, como a geringonça, em vez de se esfrangalhar, surgia cada vez mais kitada, lá caiu na dura realidade de que afinal o poder tinha mesmo mudado de mãos. O que fez? Montou uma oposição sólida com propostas para o país, alternativas às  do calhambeque do Costa, do Jerónimo e da Catarina? Não. Organizou o partido, foi buscar caras e ideias novas, para fazer frente a um ciclo que se adivinha de quatro anos comandado pela caranguejola da esquerda? Também não. Sabes o que fez? Deu em profeta. Sim, profeta e da desgraça, que no ranking desta classe dizem ser o mais arriscado. E chamou para o seu lado para profetizar ainda melhor Maria Luís Albuquerque.

E vai daí puseram-se a profetizar como se não houvesse amanhã, talvez pensando que se profetizassem muito em alguma coisa haveriam de acertar. Garantiram que a geringonça duraria pouco, que, mais dia menos dia, seria chamado novamente a governar, que o Orçamento do Estado não passava em Bruxelas, que iam chover multas da Comissão Europeia, que as contas do país iam pelo cano. Pois meu querido Pai Natal, não acertaram uma vez que fosse. Vê lá tu que parece que Passos até disse que o Diabo ia aparecer, talvez pensando que quando se trata de desgraças o Mafarrico vem sempre a jogo. Pois até o Belzebu o deixou a falar sozinho. Agora diz que em Janeiro vêm os Reis Magos com uma boa nova, seja lá o que isto quer dizer. Com o azar com que o homem anda começo a achar que nem camelos chegam em Janeiro, quanto mais reis com ouro, incenso e mirra.

Diz-me lá meu querido Pai Natal se este homem não merecia um embrulhinho com um pouco de sorte no sapatinho? Se acederes, manda também um anjinho da guarda. É que não são só as profecias que falham. Agora falham-lhe também cada vez os amigos. Alguns jornais anunciam mais candidatos ao seu lugar no partido que as lâmpadas da árvore de Natal da São Caetano à Lapa. Vê lá tu que até o indeciso Rui Rio, que deve demorar pelo menos meia hora para escolher a cor das meias que deve calçar todas as manhãs, parece cada vez mais decidido a fazer-se à presidência do PSD.

Sobre sondagens é melhor nem te falar, pois já chega a falta de sono que anda a tirar ao baronato social-democrata.

Foto
Adriano Miranda

Para as autárquicas do final do próximo ano faltam-lhes candidatos em algumas das principais cidades e até se fala que pode apoiar quem no passado foi “excomungado” do partido. Em Lisboa, sobram negas, algumas com sabor a vinganças antigas. Até Assunção Cristas, a senhora a quem o tal Paulo Portas deixou a criança do CDS nos braços, anda a gozar o pagode um bocadinho à descarada e com sorriso nos lábios igual ao de anjinho de presépio no cimo da manjedoura do Menino. A reinação laranjinha é tal que alguns até já o empurram para a Câmara de Lisboa, quando ele se prepara para ir como carruagem traseira da clone pobre do tal Portas, transformando o PSD numa espécie de loja dos trezentos da política portuguesa.

E depois ainda há o presidente da República, o tal “catavento” que ele não queria ver em Belém e que hoje reúne a simpatia de quase 100% dos portugueses. Esse então leva a maldade ao extremo. São remoques dia sim, dia não, a maior parte deles dados com o Costa da geringonça ao lado, que nem que ganhasse o que Macedo vai receber na Caixa tinha dinheiro para pagar tais benfeitorias.

Diz-me lá tu, meu querido Pai Natal, que só pensas no bem dos outros, se este “menino” não merecia um bocadinho de sorte. Só um bocadinho, nem que fosse para que tivesse um despertar, um “vaipe”, como dizem os nossos mais novos, que o fizesse rapidamente mudar de vida, porque se não o fizer corre o risco de muito em breve não ser mais que uma fotografia na escadaria na sede nacional do PSD.

Vê lá o que podes fazer, pelo menos garante que a foto na São Caetano à Lapa não fique desfocada.

Bom Natal.

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