"Qualquer observador independente" reconhece "progresso assinalável", diz Passos

António Costa recusa voltar a falar sobre o assunto e remete para explicações dadas quinta-feira aos jornalistas e por sms aos militantes.

Foto
Passos Coelho

“Qualquer observador independente e afastado da luta político-partidária reconhece que o país está diferente do que estava há quatro anos”. Foi com esta frase que o primeiro-ministro tirou partido da polémica em volta das declarações de António Costa perante a comunidade chinesa, mesmo depois de ter dito que não queria comentar as declarações do secretário-geral.

"Eu sei que essa matéria tem sido objecto de alguma preocupação dentro do PS e não farei nenhuma observação que possa ser lida como procurando aproveitar ou intervir nesse debate que decorre dentro do PS", afirmou Pedro Passos Coelho, no âmbito de uma visita à empresa Science4you, instalada numa incubadora de empresas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Questionado pelos jornalistas, o chefe do Governo afirmou que "qualquer observador externo que não esteja envolvido na disputa político-partidária reconhece que Portugal não está, como estava em 2011, numa situação de pré-ruptura financeira e pré-bancarrota". Uma forma de desvalorizar a posição de Costa como líder da oposição e de recordar a conjuntura do país no final do governo socialista de José Sócrates.

"Qualquer observador independente não pode deixar de reconhecer que foi realizado um progresso assinalável nestes anos, é preciso também, e qualquer observador independente o dirá, prosseguir esse caminho, de modo a que a nossa situação, acumulada durante muitos anos, possa ser combatida de uma forma ainda mais eficaz", frisou.

Em Torres Vedras, António Costa fugiu a todas as perguntas sobre a polémica, remetendo para as explicações dadas na quinta-feira. "Estou preocupado com os problemas do país, o país precisa de melhorar em vários sectores", disse apenas.

E perante a insistência dos jornalistas, deu o assunto por encerrado: "Já falei sobre esse tema ontem e para mim é um assunto encerrado , hoje falo sobre outro tema. Hoje estamos centrados sobre a revalorização do património, sobre os problemas que preocupam os portugueses. Uma das formas mais importantes de valorizar o território é a agricultura, foi isso que nos trouxe aqui".

O líder socialista também recusou pronunicar-se sobre a descida do desemprego em Janeiro, divulgada esta sexta-feira pelo INE, mas foi precisamente neste tema que o vice-primeiro-ministro pegou para espetar mais uma farpa em António Costa.

"Sobre esse tema falámos ontem [quinta-feira] e hoje estou aqui a falar sobre a valorização do território e a importância da agricultura", afirmou aos jornalistas António Costa, que recusou voltar a comentar a polémica e também a descida da taxa de desemprego em janeiro, por comparação com igual período de 2014.

António Costa justificou que "o que preocupa os portugueses são os problemas do país, que exigem respostas e uma das respostas é sermos capazes de mobilizar todos os nossos recursos, desde os recursos humanos que estão a ser desperdiçados na emigração, no desemprego, e valorizar os recursos do território, através da agricultura, que é um dos recursos mais importantes".

O secretário-geral, que falava em Torres Vedras depois de uma reunião com produtores hortícolas da região Oeste, apontou como um dos maiores problemas desta fileira, que está a crescer e a exportar, a falta de mão-de-obra. 

Costa também recusou pronunicar-se sobre a descida do desemprego em Janeiro, divulgada esta sexta-feira pelo INE, mas foi precisamente neste tema que o vice-primeiro-ministro pegou para espetar mais uma farpa em António Costa.

"O desemprego desce tanto nos jovens como na população mais adulta. Isto é um sinal de que o país obviamente está a dar a volta. Às vezes, pelo menos, o que o Dr. António Costa diz é razoável, nós estamos de facto a conseguir dar a volta como país, a conseguir vencer uma crise que foi muito difícil por causa do resgate", disse Paulo Portas, após uma visita à Feira Internacional de Turismo, que decorre em Lisboa.

Quem veio dar uma mãozinha a António Costa foi Francisco Assis, o eurodeputado socialista que abandonou o Congresso do PS em Novembro por considerar ter havido uma viragem demasiado acentuada à esquerda. "[Costa] fez referência a uma alteração das circunstâncias do investimento externo. É evidente que a situação está melhor do que há quatro anos porque a situação em termos europeus melhorou", disse na TVI24, referindo-se à "estabilização da zona monetária". 

Liga dos Chineses lamenta utilização
A Liga dos Chineses em Portugal lamentou, por seu lado, a utilização do ano novo chinês como "ferramenta política" e acusou políticos e comunicação social de descontextualizarem parte do discurso do líder do PS sobre a evolução do país.

Em comunicado enviado à Lusa, a Liga dos Chineses em Portugal sublinha que "alguns agentes políticos e alguma comunicação social destacaram não a celebração do ano novo chinês, mas sim, e de forma descontextualizada a uma parte do discurso proferido pelo Dr. António Costa".

"A Liga dos Chineses em Portugal e o seu presidente, Y Ping Chow, lamenta profundamente a utilização do ano novo chinês como ferramenta política. O Dr. António Costa no seu discurso dirigia-se à comunidade chinesa em Portugal, reconhecendo por um lado a boa integração e a capacidade empresarial dos chineses residentes e a evolução das relações de amizade e diplomáticas entre os dois países", indica.

No comunicado, a Liga dos Chineses em Portugal assume-se como uma associação "apartidária, reconhecida na sociedade portuguesa, pela comunidade chinesa em Portugal e por vários organismos oficiais da República Popular da China".

A Liga recorda também ter atribuído no passado galardões de reconhecimento a várias personalidades de todos os quadrantes políticos e fê-lo este ano a António Costa com "total justiça, pelo que não aceita que uma citação descontextualizada possa servir para fazer política interna, usando para tal um momento de celebração de toda a comunidade chinesa residente em Portugal". com Lusa

Sugerir correcção
Ler 18 comentários