PCP diz que Governo e PS “não disseram tudo” sobre programa de estabilidade

Jerónimo alertou para "mais ataques às reformas e às pensões", "mais ataques aos salários" e "mais venda do país ao desbarato".

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Jerónimo de Sousa diz que o país vive "uma política de terra queimada" que é inaceitável Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral do PCP defendeu este sábado que o Programa de Estabilidade anunciado pelo Governo é uma "versão ainda condicionada na sua brutalidade pelas eleições", argumentando que tanto o executivo como o PS "não disseram tudo".

No encerramento da VIII Assembleia da Organização Regional de Lisboa do PCP, no Fórum Lisboa, Jerónimo de Sousa atacou o Governo pelo anunciado Programa de Estabilidade e Plano Nacional de Reformas, mas também o PS que, acusou, tenta passar "entre os pingos da chuva".

"O que agora o Governo apresentou e anunciou é a versão ainda condicionada na sua brutalidade pelas eleições que estão à porta. Por isso não disseram tudo", afirmou o líder comunista. Para Jerónimo de Sousa, o executivo não disse que tem "um plano para continuar a sua ofensiva de imposição da lei da selva no trabalho, em concertação com a União Europeia e o FMI" e que "a reforma da Segurança Social para a qual apelam ao consenso dos partidos da troika é para liquidar a Segurança Social pública e esmagar de forma brutal o valor das pensões e das reformas".

"Não disse o Governo e não disseram outros. Não disse o PS, que tenta passar entre os pingos da chuva, mantendo a sua vinculação às orientações e instrumentos de submissão da governação económica da União Europeia e do euro e com as quais não querem romper", acusou.

O líder do PCP disse que os socialistas querem apresentar "a solução da quadratura do círculo que estava por inventar" quando "dizem que pretendem cumprir à risca as regras da dívida e do défice previstos no pacto orçamental até 2019, mas sem austeridade, com uma reforma do Estado sem cortes, com muito crescimento". E sublinhou: “O PS não pode manter o equívoco. Não pode querer sol na eira e chuva no nabal."

Para o PCP, não há saída "para uma vida digna" sem "ruptura com as regras do tratado orçamental e do euro, sem renegociar a dívida, sem uma nova política, patriótica e de esquerda". Sem estes pressupostos, argumentou Jerónimo de Sousa, esperam-se "mais ataques às reformas e às pensões, mais ataques aos salários, mais ataques à segurança social, mais ataques à saúde, à educação, mais ataques à legislação nacional, mais venda do país ao desbarato".

Na área da saúde, o secretário-geral comunista referiu-se à reportagem da TVI sobre as condições nos hospitais e nas urgências, apontando-a como um exemplo da "degradação da vida colectiva".

A próxima Assembleia da Organização Regional de Lisboa realiza-se dentro de quatro anos e até lá foi fixada uma meta de recrutamentos para o PCP de "mil operários e outros trabalhadores".

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