Passos convoca distritais do PSD a pensar nas legislativas

O líder social-democrata convocou o partido para um jantar. Os presidentes das distritais acreditam que haverá novidades sobre uma eventual aliança com o CDS e também sobre as presidenciais de 2016.

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Santana: “Excluído já não estou. Estou incluído nelas. De hipótese a candidato ainda vai uma distância” DANIEL ROCHA

O primeiro-ministro e líder do PSD, Pedro Passos Coelho, reúne-se esta quarta-feira com os presidentes das distritais e, embora a agenda do jantar não seja conhecida, a mais que provável coligação governamental com o CDS fará parte da ementa. Os dirigentes distritais não estão à espera de grandes considerações do líder do partido sobre o tema, mas consideram que em ano de eleições legislativas e com os prazos fixados pelo PSD e pelo CDS já em fase de desconto o tema da coligação é inevitável. E há quem vá mais longe e diga que as presidenciais de 2016 serão um tema incontornável.

As eleições para a Presidência da República não são uma prioridade para o líder do partido, mas tanto Marcelo Rebelo de Sousa como Pedro Santana Lopes, dois potenciais candidatos da área da direita, têm-se empenhado em manter o tema na agenda política. Esta segunda-feira, o ex-primeiro-ministro Santana Lopes surpreendeu ao admitir que está disponível para disputar as presidenciais mesmo que Marcelo Rebelo de Sousa avance.

Os dois sociais-democratas disputam o apoio do partido para as presidenciais, mas Passos parece não ter pressa. “Esse assunto só será decidido no partido no primeiro semestre deste ano, embora o tema seja discutido internamente um pouco mais cedo”, disse esta segunda-feira ao PÚBLICO um dirigente do PSD, revelando que, para o partido, a “grande preocupação” são as legislativas, o confronto entre Passos Coelho e António Costa.

“Estamos a entrar num ano de eleições de uma enorme indefinição, isto é, não se sabe quem vai ganhar: se Passos se Costa e, nesse contexto, as presidenciais são quase um não tema neste momento”, afirma outra fonte, revelando que as eleições para a “Presidência da República preocupam apenas os apoiantes de Marcelo Rebelo de Sousa e de Pedro Santana Lopes”.

Passos Coelho não terá preferência por nenhum dos dois ex-líderes do partido. Rui Rio, o ex-presidente da Câmara do Porto, será, de acordo com várias fontes contactadas pelo PÚBLICO, aquele que o primeiro-ministro gostaria de ver suceder a Cavaco Silva.

Indiferente às simpatias do líder, Santana Lopes disse ontem ao Diário de Notícias que não aceitava ser excluído das hipóteses à direita para as presidenciais. “Excluído já não estou. Estou incluído nelas. De hipótese a candidato ainda vai uma distância. Quando decidir, aviso”, declarou o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. O ex-primeiro-ministro admite, assim, avançar contra Marcelo, fazendo com que haja dois candidatos na área da direita. Defende que os candidatos devem apresentar-se na Primavera e que o país não deve estar suspenso à espera de António Guterres, considerado de acordo com uma sondagem recente (19 de Outubro) do JN o melhor candidato presidencial, vencendo Marcelo, Santana e Rio.

Mais tarde, numa mensagem publicada esta segunda-feira na sua página no Facebook, Santana suaviza o discurso e escreve que “quem é candidato à Presidência nunca o é contra ninguém”. Quanto a Marcelo diz que “está em primeiro na fila da legitimidade. Não há nada contra ele”.

Santana Lopes, com quem o PÚBLICO tentou falar ao longo de segunda-feira, mas sem sucesso, discorda dos timings apontados por Marcelo que, já afirmou, que os candidatos podem aparecer até Outubro e deixa claro que “quem for candidato tem de avançar em Marco, Abril ou no máximo em Maio. Quem diz que só decide em Outubro é porque não vai avançar”.

Há já algum tempo que Santana tem vindo a fazer pressão sobre Marcelo, que também não afasta uma candidatura a Belém. No início de Dezembro, em declarações à SIC-Noticias, Santana disse que lhe custava crer que os candidatos só surgissem em Outubro, ou seja já depois das legislativas. “Com toda a franqueza, acho que é muito tarde”, apontando para o primeiro terço deste ano.

Para Santana, a campanha das presidenciais “já começou”. A presença do ex-reitor da Universidade de Lisboa, Sampaio da Nóvoa, no recente congresso do PS é “um plano B”, num cenário do ex-primeiro-ministro Guterres não avançar. António Guterres já informou o PS sobre a decisão de prorrogar o mandato na ONU até ao final de 2015 e Ferro Rodrigues já disse que “talvez” seja boa ideia procurar outro candidato presidencial.

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