Passos diz que comissão de inquérito à CGD será criada antes de o Parlamento ir de férias

Porta-voz do Bloco, que se disponibilizou para apoiar o PSD na criação da comissão, diz que defender a Caixa é "saber tudo o que se passa" no banco.

Foto
Passos Coelho rejeitou ideia de que CGD está frágil. Nuno Ferreira Santos

O presidente do PSD, Passos Coelho, disse esta sexta-feira à noite em São Paulo, no Brasil, que a comissão de inquérito defendida pelo seu partido para investigar alegados actos ilícitos na Caixa Geral de Depósitos (CGD) será constituída ainda nesta sessão legislativa, ou seja, antes de o Parlamento parar para férias no final de Julho.

"Não depende da vontade da maioria do Parlamento constituir a comissão. Ela pode ser formada por iniciativa do meu partido. Um requerimento será ultimado nos próximos dias e a comissão vai ser formada ainda nesta sessão legislativa" afirmou, na noite de sexta-feira (madrugada de sábado em Portugal continental).

Passos Coelho acrescentou que o PSD defende a comissão de inquérito na CGD para gerar confiança dentro do sistema financeiro e sistema bancário português. "O maior banco de Portugal não pode viver numa espécie de clima de suspeição. Essa ideia não vem sendo alimentada por mim ou pelo meu partido, mas pela comunicação social que está a passar notícias semanalmente que dão conta da necessidade de que haja uma capitalização muito avultada no banco", defendeu.

O presidente do PSD fez questão de negar a tese de que o banco está numa posição de grande fragilidade em função de práticas comerciais desenvolvidas nos últimos anos. "Isto não é verdade. A única maneira de criarmos confiança no sistema e na própria instituição é pôr tudo em pratos limpos. Eu tenho pena que o Governo não apoie esta campanha. Mas já que isto não resulta de uma intenção do Governo, o Parlamento tem a obrigação de o fazer", destacou.

Questionado pela Lusa sobre declarações do primeiro-ministro, António Costa, que disse que não lhe passa pela cabeça investigar acções do Governo e de entidades regulatórias em anos anteriores mas resolver os problemas que a CGD tem agora, o líder do partido social-democrata preferiu não se pronunciar.

Bloco admite todas as possibilidades, desde que se investigue

Já este sábado à tarde, em Lisboa, a porta-voz do Bloco de Esquerda (BE) sublinhou que defender a Caixa Geral de Depósitos passa por "saber tudo o que se passa" no banco, daí a proposta que fez no debate quinzenal de quarta-feira passada para uma auditoria forense a créditos de alto risco. "A Caixa é um banco sólido, público, mas é verdade que negócios que foram feitos devem ser investigados. E por isso mesmo o BE já propôs uma auditoria forense aos créditos de alto risco da CGD", vincou a bloquista.

Catarina Martins falava aos jornalistas à margem da concentração em defesa da escola pública que esta tarde se realiza na baixa lisboeta. "O BE não se opõe a nenhuma forma de investigação”, salientou a porta-voz do Bloco perante a notícia do Expresso de que o governador Carlos Costa estará a articular com o Governo e o Presidente uma alternativa à comissão de inquérito que poderá passar por audições à porta fechada ou uma comissão eventual.

“Estamos dispostos a colaborar em todas as formas que sejam sérias", disse Catarina Martins, que reforçou a ideia de que é preferível uma auditoria forense, que pode ter resultados em menos tempo e menos limitados na sua acção - nomeadamente a nível de sigilo bancário - que uma eventual comissão parlamentar de inquérito.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, foi também questionado sobre a Caixa na concentração em Lisboa, mas escusou-se a tecer comentários.

Também hoje António Costa defendeu, em Paris, a necessidade de "não destabilizar o sistema financeiro" com mais uma comissão de inquérito, sobretudo "aquele que é o grande pilar do sistema financeiro [português] que é a CGD".

 

Sugerir correcção
Ler 2 comentários