Maria José Morgado envolve Paulo Portas e Celeste Cardona na sua demissão

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Maria José Morgado disse ser a autora material do seu pedido de demissão mas acusou Adelino Salvado de ter sido o "autor moral" DR

Maria José Morgado avançou hoje que foi informada pelo director nacional da Polícia Judiciária, Adelino Salvado, que o ministro da Defesa, Paulo Portas, e a ministra da Justiça, Celeste Cardona, recearam que continuasse à frente do combate ao crime económico na PJ, estando alegadamente envolvidos no seu afastamento.

A informação foi adiantada por deputados à saída da comissão de inquérito parlamentar, dado que esta decorre à porta fechada.

De acordo com os mesmos deputados, Maria José Morgado foi alertada por telefone na véspera da tomada de posse de Adelino Salvado, em finais de Maio.

Nessa conversa telefónica, apesar das reservas de Paulo Portas e Celeste Cardona, Adelino Salvado disse à procuradora geral adjunta que fazia questão que esta se mantivesse em funções na direcção central de combate ao crime económico e financeiro da PJ.

Porém, relatam ainda os deputados, Maria José Morgado indicou que, entre o momento em que Adelino Salvado lhe manifestou confiança em Maio e a sua demissão no final de Agosto, registaram-se episódios de alguma gravidade.

A 16 de Julho, Adelino Salvado terá dado ordens para retirar o agente da PJ que prestava assessoria ao procurador geral adjunto Manuel Dores, no âmbito do julgamento em curso à Universidade Moderna, após um telefonema da ministra da Justiça, que, por sua vez, terá agido por um pedido de informação de Paulo Portas.

A procuradora geral adjunta disse ser a autora material do seu pedido de demissão da direcção central de combate ao crime económico e financeiro, mas acusou Adelino Salvado de ter sido o "autor moral", já que terá sido desautorizada por ele, por várias vezes, no exercício das suas funções.

Maria José Morgado fez mesmo alusão a um telefonema que recebeu de Adelino Salvado, em Agosto, quando se encontrava em férias, onde terá pedido a Maria José Morgado para solicitar a cessação da sua comissão de serviço na PJ.

Segundo a versão transmitida por deputados sobre as declarações da magistrada, um dos alegados casos de desautorização de Adelino Salvado a Maria José Morgado envolveu o processo relativo a suspeitas de corrupção no Ministério das Finanças.

Antes de ir para férias, contou Maria José Morgado, o processo estava operacionalizado, porque já tinha na sua posse testemunhos de arrependidos, que lhe iriam servir como prova de acusação.

No entanto, o director nacional da PJ nunca acreditou nos resultados desse processo relativo à administração fiscal e, enquanto esteve de férias, alguns dos agentes por si antes destacados para o processo haviam sido deslocados por determinação de Adelino Salvado.

Ainda em relação às suspeitas de corrupção na administração fiscal, Maria José Morgado referiu ter sido desautorizada por Adelino Salvado após ter emitido um despacho para a existência de unificação de procedimento em toda a PJ.

O despacho foi emitido para todas as direcções regionais da PJ, mas Adelino Salvado considerou que essas determinações eram apenas da sua estrita competência.

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