Já há data e promessas eleitorais

O Presidente diz que se não houver cuidado “a campanha eleitoral ocorre nas praias”.

Cavaco Silva apontou Outubro como o mês mais provável para as legislativas. O Presidente da República diz que eleições em Setembro aconteceram em 2009, no seu primeiro mandato, mas devido a uma “coincidência” de datas com as autárquicas. Outubro, segundo Cavaco, dará mais tempo aos partidos para fazer as listas de candidatos e permitirá que os portugueses acompanhem a campanha eleitoral sem estarem a banhos.

Nem todos pensarão assim. O PS, com alguma razão, já chegou a defender precisamente o contrário, ou seja, a antecipação das eleições para Maio ou Junho, com dois argumentos bastantes válidos: criaria um hiato temporal maior com as presidenciais que acontecem no início de 2016 e, mais importante, permitiria uma preparação com tempo do Orçamento do Estado para o próximo ano.

Não tendo sido convocadas para Maio ou Junho, talvez Outubro seja o mal menor. Sendo verdade que os prazos orçamentais ficam mais sacrificados, também é verdade que numas eleições em que já não será a troika a “fazer” o programa eleitoral, os partidos precisem de tempo para explicar as ideias que têm para o país. Dentro dos partidos do chamado arco da governação, a coligação PSD/CDS-PP já verteu no Programa de Estabilidade muitas das suas ideias e promessas; e o PS já se percebeu que irá buscar grande parte da sua inspiração ao relatório Uma década para Portugal.

São ambos documentos com ideias válidas, mas que têm de ser explicadas aos portugueses. As suas consequências e os seus riscos. Como alertava o director executivo do Centro de Política Europeia, o alemão Fabian Zuleeg, será o próximo governo, qualquer que seja, a ter lidar com as consequências das promessas de menos austeridade.

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