Guterres deixa a ACNUR até ao fim do ano

O alto comissário da ONU para os refugiados já viu o seu segundo mandato prolongado por seis meses.

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Miguel Manso

António Guterres vai deixar o cargo de alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).até do fim do ano, noticia a Reuters.

"Ele está de saída. O mandato termina no final de Dezembro", disse esta sexta-feira a porta-voz de Guterres, Melissa Fleming, à Reuters, acrescentando que já não é renovável.

A ex-primeira-ministra dinamarquesa Helle Thorning-Schmidt apresentou esta sexta-feira a candidatura à sucessão de António Guterres no cargo. A candidatura foi apresentada em Copenhaga, numa conferência de imprensa conjunta de Thorning-Schmidt com o atual primeiro-ministro dinamarquês, o liberal Lars Lokke Rasmussen, no cargo desde Junho, na sequência das legislativas.

Thorning-Schmidt, de 48 anos, dirigiu o executivo dinamarquês entre 2011 e 2015, e liderou o Partido Social-Democrata durante uma década, posto que abandonou na noite da derrota eleitoral.

No outono passado, o Governo de centro-esquerda que Thorning-Schmidt liderava foi criticado pelo ACNUR depois de ter aprovado uma reforma das leis de concessão de asilo, que dificulta o reagrupamento familiar e concede autorizações de residência temporárias, de um ano, aos refugiados.

António Guterres tornou-se Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados em 15 de Junho de 2005 e foi reeleito cinco anos depois para um segundo mandato, que terminava em Junho deste ano. No entanto, a Assembleia-Geral da ONU decidiu em Fevereiro prolongar o seu mandato até ao final de 2015, por recomendação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Guterres sai numa altura em que a Europa enfrenta a maior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial. Antes de anunciar a sua saída na sexta-feira, o alto comissário defendeu que a União Europeia deve fazer "mudanças fundamentais" na política para acolher refugiados, defendendo que esse número deve chegar aos 200 mil.

A saída da ACNUR não deve, no entanto, indiciar que Guterres possa ainda vir a ser candidato à Presidência da República. Em Abril, António Guterres colocou-se completamente de fora da corrida a Belém numa entrevista dada à televisão Euronews. “Não sou candidato a ser candidato. Sempre me interessei pelo serviço público e pretendo continuar a fazê-lo, mas o que gosto mais de fazer é o tipo de função que tenho actualmente, que permite ter uma acção permanente e directa a sobre o que se passa no terreno”, diz o antigo governante, sugerindo que podia avançar para a liderança da ONU.

Em Janeiro, Guterres tinha dito ao Expresso que era livre de decidir a sua vida e o PÚBLICO adiantou que já teria recusado o convite três vezes.

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