Derrota do Governo nas europeias "tem de ser clara", diz Seguro

Secretário-geral do PS foi a Amarante sublinhar que só os socialistas estão em condições de infligir essa derrota a "Pedro Passos Coelho e seus candidatos" e de provocar uma mudança de políticas na Europa e em Portugal.

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Paulo Pimenta
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Perante cerca de 1200 comensais, o secretário-geral do PS, António José Seguro, defendeu neste domingo num almoço em Amarante – terra natal de Francisco Assis, o cabeça de lista do partido - que as eleições europeias de dia 25 devem dar resultar numa derrota clara do Governo. E até apelou ao voto útil, sublinhando que só o PS tem condições de derrotar a coligação PSD/CDS e protagonizar uma efectiva mudança de políticas.

"Essa derrota do Governo tem de ser clara e só o PS - nenhum outro partido - pode estar em condições de infligir essa derrota. Por isso, todos aqueles que consideram que o país precisa de dizer ‘não’ a esta política de cortes cegos, de empobrecimento e de enganar os portugueses, dizendo uma coisa numa semana e fazendo outra na semana seguinte, todos os que querem uma mudança que coloque o país num horizonte de esperança, pois bem, têm que votar no PS”, proclamou António José Seguro, um dia depois de Mário Soares ter previsto que os socialistas vencerão as europeias de dia 25, mas “talvez não por muito”.<_o3a_p>

O que para António José Seguro não poderia deixar de ser estranho, tendo em conta a forma como analisou a situação política actual: “Lembram-se de algum Governo que, por maiores que fossem as dificuldades, dissesse aos jovens que a saída era a emigração?”, introduziu o dirigente socialista, a iniciar uma longa série de interrogações. “Conhecem algum pensionista ou reformado”, “alguém da classe média”, “algum trabalhador do sector público ou do sector privado que tenha motivos para votar neste Governo?”, foi desfilando, criticando o executivo pelo corte de pensões, corte de metade do subsídio de Natal de 2011 “sem necessidade nenhuma”, alargamento do horário de trabalho. Seguro criticou também o Governo por algumas medidas que acabaram por não ser concretizadas, mas que foram dadas como iminentes, como a redução das indemnizações por despedimento ilegal ou o primeiro aumento preconizado da Taxa Social Única.<_o3a_p>

Assim, para Seguro, a questão que se coloca aos eleitores no dia 25 até é “simples”: Quem considera, “como Pedro Passos Coelho e os seus candidatos”, que o país está melhor do que há três anos, deve votar “no Governo”. “Mas aqueles que consideram que, infelizmente, Portugal está pior e os portugueses estão mais pobres e que aumentaram as desigualdades, então só têm uma solução, que é votar no PS, o único partido que pode derrotar o Governo”.

<_o3a_p>No plano europeu, e neste domingo em que - em entrevista ao PÚBLICO - Philippe Legrain,  ex-conselheiro de Durão Barroso, afirma que o programa de ajuda financeira a Portugal e Grécia serviu sobretudo para resgatar os bancos alemães e franceses, António José Seguro declarou que "por mais importante que seja o sistema bancário europeu não é mais importante do que as pessoas" e que urge submeter as políticas europeias ao mesmo princípio.

Seguro foi precedido no uso da palavra pelo líder da Federação do Porto do PS, José Luís Carneiro, pela mandatária distrital dos socialistas, a ex-deputada e vereadora da Câmara do Porto Manuela de Melo e pelo cabeça de lista dos socialistas ao Parlamento Europeu, Francisco Assis - um ex-rival interno a que o secretário-geral se referiu como “amigo” e “um dos melhores políticos portugueses da sua geração”.

<_o3a_p>Assis, que também já se tinha referido a Seguro como "o próximo primeiro-ministro", elogiou o líder do partido por ter conseguido impor, no programa dos socialistas europeus, medidas acerca das quais chegou a estar "isolado". E comparou esta atitude de Seguro com a do Governo PSD/CDS e do seu cabeça de lista Paulo Rangel, que acusou de até concordar com a mutualização parcial da dívida dos países da zona euro e outras propostas do PS para logo opor que "não são exequíveis nesta altura, que não reúnem consenso" nesta altura. "A política não é uma espécie de registo notarial das dificuldades do presente", disse Assis, acrescentando que, se tivesse a mesma atitude que o Governo ou Rangel, Seguro não teria conseguido os compromissos que conseguiu dos socialistas europeus.

Francisco Assis também acusou Paulo Rangel de preferir "fazer oposição a um Governo [do PS] que já não existe há três anos" a falar do presente, por não lhe convir. "É mais fácil tentar enganar as pessoas acerca do passado do que sobre o presente. Mas ele tem que explicar ao país por que o Governo optou por uma política económica errada que teve consequências tremendas do ponto de vista económico e social", atirou o cabeça de lista.

Assis também fez fogo para a sua esquerda, insurgindo-se contra uma "extrema-esquerda que passa a vida a atacar o PS" e a afirmar que "não há diferenças" entre este e os partidos do Governo.

Seguro e Assis encontraram à sua espera uma sala cheia, colorida por bandeiras e muito animada por uma excursão que chegou de autocarro de Baguim do Monte, concelho de Gondomar. A organização do almoço não descurou pormenores. O retrato que os socialistas fazem do presente de Portugal foi sublinhado pela fadista de Rio Tinto Menita Rocha, que cantou "tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado". Antes do almoço, jovens da JS trataram de fazer recolher, em nome das cores partidárias, as tangerinas que o restaurante tinha distribuído pelas mesas, preciosismo que um responsável do estabelecimento achou francamente exagerado. "Ainda se fossem laranjas", dizia com um encolher de ombros.

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