Costa diz que coligação PSD/CDS não precisa de ser "atrevida", basta propor ideias

PS e Verdes convergem sobre várias matérias em reunião "muito produtiva" e "útil" e marcaram mais dois encontros de trabalho técnico para a próxima semana.

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Depois do PCP e da direita, a delegação do PS reuniu-se com os Verdes esta sexta-feira. Nuno Ferreira Santos
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O secretário-geral do PS disse esta sexta-feira que os partidos que formaram a coligação Portugal à Frente (PàF) não precisam de ser atrevidos, como indicou o presidente do PSD, e basta apresentarem ideias que elas serão analisadas com "boa-fé".

"Ainda bem que a PàF percebeu que tem de propor alguma coisa e não é preciso ser muito atrevido, basta propor. E nós analisaremos [as propostas] com a mesma boa-fé com que temos estado a trabalhar e a fazer este diálogo com todos", vincou António Costa.

O líder socialista, que falava depois de um encontro com elementos do Partido Ecologista Os Verdes, reagia a declarações desta manhã do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, que depois do encontro com o PS afirmou que esperava que fossem os socialistas a apresentar propostas concretas mas que, como isso não aconteceu, PSD e CDS-PP vão fazer "um exercício um bocadinho mais atrevido" de tentar "seleccionar propostas do PS" para debater num próximo encontro, marcado para terça-feira.

Costa definiu-se como um "optimista por natureza", e mostrou esperança num "exercício mínimo" de PSD e CDS-PP na apresentação de ideias, acrescentando que estes partidos têm de compreender que o "quadro político parlamentar mudou substancialmente" desde as legislativas de domingo. "Não vale a pena fazerem um esforço de fingir que nada de novo aconteceu porque algo de muito importante aconteceu", acrescentou o socialista, referindo-se à perda de maioria absoluta no Parlamento de PSD e CDS-PP. E acrescentou: "Ninguém dispõe de maioria e todos temos com humildade de fazer um esforço de procurar encontrar soluções."

Águas, transportes, política energética e protecção da natureza em cima da mesa
António Costa classificou o encontro com a delegação dos Verdes como "muito produtivo", enquanto a dirigente ecologista Heloísa Apolónia disse ter sido uma reunião "útil". Questões como a "garantia da não privatização do sector das águas", e outras matérias em torno de áreas como a política energética, os transportes públicos e medidas de protecção da natureza foram afloradas no encontro, realçou o secretário-geral do PS, no final de mais de uma hora de conversa entre delegações de ambos os partidos.

Do lado ecologista, a deputada Heloísa Apolónia vincou que PSD e CDS-PP "prometeram continuidade e perderam maioria no parlamento português", e a oposição "não se pode esconder perante este resultado". "Tem de haver uma leitura real daquela que é a actual composição do Parlamento português. Nesse sentido, consideramos que é nossa responsabilidade também entrar neste processo de conversação no sentido de criar uma alternativa governativa", declarou a responsável, para quem os portugueses lançaram um "SOS" no sufrágio de domingo reclamando uma alternativa de políticas.

Além do secretário-geral, António Costa, o PS esteve representado neste encontro com Os Verdes pelo seu presidente, Carlos César, pelo coordenador do cenário macroeconómico socialista, Mário Centeno, e pelos dirigentes nacionais Ana Catarina Mendes e Pedro Nuno Santos. Heloísa Apolónia, por seu turno, esteve acompanhada pelos dirigentes ecologistas José Luís Ferreira e Manuela Cunha.

Ficaram já acordadas duas outras reuniões entre PS e Os Verdes, encontros de cariz mais técnico a terem lugar na terça-feira e na quarta-feira, vincou Heloísa Apolónia.

Já esta semana o PS havia tido um encontro com o PCP classificado como útil, mas esta manhã a reunião com PSD e CDS-PP foi descrita como "bastante inconclusiva" sobre as condições de governabilidade do país depois das legislativas de domingo, que a coligação de centro-direita venceu sem maioria absoluta. O encontro com o Bloco de Esquerda esteve previsto para quinta-feira de manhã, mas foi adiada para a próxima segunda-feira a pedido do BE.

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