Coordenadores do BE querem “aliados”, mas descartam socialistas

Com um governo de bloco central ou com os socialistas no poder, “pouco mudará”, dizem João Semedo e Catarina Martins aos militantes.

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A actual direcção aponta os nomes dos deputados João Semedo e Catarina Martins Manuel Roberto

Com o “centrão” nem pensar. É assim, em síntese, que os líderes do BE, João Semedo e Catarina Martins, descartam o PS como aliado na construção de uma alternativa de esquerda.

Os actuais coordenadores, que se recandidatam à liderança no congresso do BE já em Novembro, e que terão que enfrentar a candidatura de peso de Pedro Filipe Soares, actual líder da bancada parlamentar, colocam o PS e a direita PSD/CDS no mesmo saco no que toca à política de alianças.

“O grande desafio colocado ao Bloco é o de contribuir para uma alternativa à alternância no arco PS, PSD e CDS”, escrevem os coordenadores no contributo que redigiram para a moção unitária que pretendem construir e que levarão à convenção do partido, em Lisboa.

Os líderes são claros na tese de que, nessa “alternativa” à “ditadura da dívida” e da “austeridade”, não cabe o PS: “Somos claros: não há alternativa à esquerda sem o Bloco, mas só o Bloco não constitui alternativa. Queremos um pólo político das forças que combatem a austeridade, uma união das esquerdas que, sendo a voz da revolta cidadã, seja uma alternativa de governo ao bloco central ou ao governo do PS”.

No texto, a que o PÚBLICO teve acesso e que os militantes do BE deverão receber pelo correio nos próximos dias, os coordenadores bloquistas rejeitam assim “adornar a lapela do PS” e reafirmam que não se conformarão com uma “doutrina do mal menor” para o país.

“Se os tempos vão difíceis, mais difíceis serão os que se avizinham. Com governo do bloco central ou maioria do PS pouco mudará, como fica à vista sempre que se vai além da retórica. Pela nossa parte, não nos resignamos”, escrevem.

Numa mensagem indirecta para a candidatura protagonizada por Pedro Filipe Soares, João Semedo e Catarina Martins comprometem-se, caso sejam reeleitos, a trabalhar “com as diferenças e renovando o empenho na acção unida do Bloco”, acreditando que a diversidade faz parte do ADN do partido.

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