Cavaco Silva: um ano de discursos marcado pela austeridade

O PÚBLICO analisou as intervenções do Presidente da República em 2012.

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Cavaco pede União Europeia mais coesa e solidária Adriano Miranda

Austeridade, crise e troika. Foram estes os principais temas abordados pelo Presidente da República nas suas intervenções públicas durante o ano passado.

Ao longo de 2012, Cavaco Silva saiu do Palácio de Belém pouco mais de 50 vezes, nas quais estão incluídas uma visita a vários países da Ásia. No estrangeiro, Cavaco Silva enalteceu o Governo português por estar a cumprir o memorando assinado com a troika e defendeu que Portugal deve ser reconhecido pelos esforços que está a fazer. Tentou também piscar o olho a alguns destes países para que considerassem investir em Portugal, mantendo o discurso de que seria importante conseguir atrair investimento estrangeiro para o nosso país.

Cavaco Silva teve um início de ano difícil com a polémica que começou em Janeiro. Disse que o que receberia como reforma “quase de certeza que não” chegava para pagar as despesas. Uma declaração que desencadeou uma série de reacções críticas das palavras do Presidente da República. Mas, sempre que confrontado pelos jornalistas, Cavaco recusou responder para não alimentar a polémica.

Depois de um mês conturbado, o Presidente da República diminuiu as aparições em público, o que pode ser visto como uma forma de se proteger das críticas às declarações que proferiu.

Cavaco Silva voltou a ter um papel mais activo em Junho, quando participou em diversas conferências e onde falou mais frequentemente sobre os problemas da crise e do desemprego.

O Presidente da República mostrou, por diversas vezes, a preocupação que sentia com o desemprego, sobretudo entre os jovens. Em 2012, foram oito as vezes em que o chefe de Estado falou do desemprego e da emigração jovem, temas que acompanha com “atenção especial”, como referiu num dos seus discursos.

A austeridade também mereceu especial atenção do Presidente da República. Das 12 vezes em que se referiu à troika e à austeridade imposta aos portugueses, os destaques vão para dois momentos. O primeiro, quando se partilhou a posição há muito defendida por António José Seguro, dizendo que “não se pode somar permanentemente austeridade a mais austeridade”.

O segundo, em Setembro, foi um dos momentos mais interventivos do Presidente da República junto do Governo ao longo do segundo mandato, a propósito da polémica da taxa social única (TSU). Através de um Conselho de Estado, que contou com a presença de o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, Cavaco obrigou o executivo de Passos Coelho a desistir da ideia de aumentar a TSU (de 11% para 18%) para os trabalhadores.

A União Europeia também esteve na mira do Presidente da República. Foram 13 as vezes em que falou na UE, reforçando a ideia da necessidade de uma política europeia para o crescimento económico, para evitar a “espiral recessiva” em que a Europa se encontra.

O ano terminou com o vídeo de Boas Festas do Presidente da República, onde desejou “um ano de 2013 tão bom quanto possível”, dizendo que “o Natal é a festa da família”." [Aí] podemos encontrar os afectos que nos dão força, a solidariedade de que precisamos nas horas difíceis, as alegrias que nos ajudam a atravessar a vida.”
 

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