Cartas

Imagina-se a quantidade de cartas que um Presidente da República recebe. Umas agradáveis, outras insolentes; algumas – provavelmente muitas nos dias que correm – a pedir dinheiro, favores, ou a contar dramas pessoais. De vez em quando lá sai uma carta aberta, geralmente de cariz político, e, quando assim é, o remetente tem o carimbo do adversário político. As missivas públicas de carácter político costumam ser densas, ideológicas e, no mínimo, pretendem perturbar o destinatário. Quem não se lembra da carta de demissão de Vítor Gaspar, a mais famosa e demolidora carta aberta dos últimos tempos em Portugal? Não é nada densa nem ideológica a carta que o ex-secretário de Estado socialista Ascenso Simões dirigiu a Cavaco Silva, mas é bem capaz de o ter irritado. Como se já não lhe bastasse a péssima relação que tem com José Sócrates, só lhe faltava agora ter de explicar por que não o quer condecorar.

Sugerir correcção
Comentar