BE quer tornar mais fácil a denúncia e a prova nos casos de assédio moral no trabalho

Audição pública que decorre nesta terça-feira serve para preparar um projecto de lei que aprofunde o combate a este assédio.

Foto
Catarina Martins falou sobre assédio moral no emprego Nuno Ferreira Santos

Precarização das relações de trabalho, falta de expectativas de futuro, condições laborais longe daquilo que os bloquistas entendem ser o ideal. Estas são algumas das preocupações que levaram o Bloco de Esquerda a promover nesta terça-feira, em Lisboa, uma audição pública sobre o assédio moral no trabalho. O objectivo é ouvir especialistas para avançar, depois, com um projecto de lei que aprofunde o combate ao assédio moral no trabalho, disseram a porta-voz Catarina Martins e o deputado José Soeiro. O que os bloquistas pretendem, entre outros objectivos, é tornar mais fácil a denúncia e a prova de existência de assédio moral no trabalho. 

Para o deputado José Soeiro, “o quadro jurídico existente não chega”. Algumas das razões prendem-se com o facto de a prova ser “extremamente difícil” e de existir “uma forte inibição para que existam denúncias”. É isto que move o BE a ouvir especialistas para apresentar um projecto de lei que seja consistente e que possa dar um passo em frente no combate ao assédio moral, afirmou José Soeiro.

Catarina Martins abriu a sessão e olhou para a actualidade: falou no caso do Novo Banco, considerando que “não são os trabalhadores do sistema financeiro os culpados” pelo que aconteceu, mas “estão a pagá-lo com despedimentos”. Para a bloquista, “há neste momento uma visibilidade nestes grupos do que é o assédio”. E justificou, lembrando, naquele banco, os casos de trabalhadores que, “quando não aceitam a rescisão amigável”, é-lhes “negado o acesso ao sistema informático”. Tal, insistiu, é “um assédio ilegítimo” e feito “debaixo dos nossos olhos”. Na sexta-feira o Bloco promoverá uma nova audição com trabalhadores do Novo Banco que se queixam de assédio moral. 

Outra notícia referida por Catarina Martins na sessão foi a da mulher que disse que estava grávida e o contrato a 15 dias caducou. “Quem está mais frágil, fica ainda mais frágil”, alertou. A porta-voz do BE não tem dúvidas de que as questões do trabalho e dos direitos no trabalho são “essenciais” para a democracia e para a economia. Mais, ao contrário da direita, frisou, para os bloquistas, “os direitos no trabalho são condição essencial da produtividade”.

As dificuldades da precariedade, “ligada à incapacidade de as pessoas fazerem planos para o seu futuro” são mesmo, diz a porta-voz, “um dos maiores problemas da democracia do nosso país”. Porquê? Porque “quando existe medo no local de trabalho a democracia está posta em causa.”

Catarina Martins, que é contra a existência de empresas de trabalho precário em Portugal, preocupa-se também com a “deterioração” da legislação do trabalho, isto é, devia fazer-se com que fosse cumprida”. “Existe legislação contra o assédio no trabalho, mas na verdade que efeito tem?”, questionou.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários