Apesar dos três casos de polícia em 15 dias, “instituições democráticas estão a funcionar”, diz Cavaco

Presidente da República admite que a situação é de “alguma dificuldade”, mas desvaloriza os efeitos que os escândalos possam ter na imagem do país. Argumenta que na visita que está a fazer aos Emirados ninguém o questionou sobre o assunto.

Foto
Pedro Cunha/Arquivo

Duas semanas depois das detenções no caso dos vistos gold, uma semana depois da detenção de José Sócrates, e no mesmo dia em que as autoridades voltaram a fazer buscas no BES, o Presidente da República volta a desvalorizar os efeitos que os escândalos judiciais possam fazer na imagem do país e reitera que em Portugal “as instituições democráticas estão a funcionar com normalidade”.

Praticamente no final da sua visita aos Emirados Árabes Unidos, Cavaco Silva admitiu, depois de questionado pelos jornalistas sobre como tem visto os sucessivos escândalos que têm envolvido a classe política, a elite financeira e altos quadros da administração pública, que a “situação [é] de alguma dificuldade”. Mas disse sentir “satisfação” por não ter encontrado “nenhum sinal de menor consideração e de menor imagem” de Portugal durante esta visita aos Emirados Árabes Unidos, que termina na sexta-feira de madrugada.

“Não se falou uma única vez dos casos e no almoço e no pequeno-almoço, o microfone circulou por todos. Várias vezes o nosso vice-primeiro-ministro perguntava: 'Mas não querem colocar mais alguma questão?'”, descreveu Cavaco Silva, referindo-se aos sucessivos contactos com autoridades, empresários e altos responsáveis de fundos de investimento árabes.

“Nunca foi colocada uma questão que estivesse relacionada com a credibilidade e a imagem de Portugal no exterior”, garantiu o chefe de Estado. Os outros países olham para Portugal “como um país onde as instituições democráticas estão a funcionar com normalidade”, afirmou.  “Acontecem casos em todos os países e nós temos de mostrar ao mundo que Portugal é uma democracia com instituições democráticas sólidas e onde são respeitadas as competências de cada um desses órgãos.”

Uma sucessiva referência à boa saúde das instituições que pode ser lida como uma resposta a comentários que os anteriores chefes de Estado têm feito sobre o assunto. Mário Soares foi o mais crítico e na terça-feira considerou o episódio da detenção do ex-primeiro-ministro uma “bandalheira”, ao passo que Jorge Sampaio foi bem mais contido e afirmou esta quinta-feira estar “muito apreensivo com o que se passa em Portugal”.

 

Sugerir correcção
Ler 2 comentários