António Guterres e Fernando Gomes visitam Sócrates na cadeia

Antigo presidente da câmara do Porto diz acreditar "profundamente na sua inocência". Guterres limitou-se a dizer que foi "visitar um amigo" e que José Sócrates se encontra "muito bem".

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Nesta quinta-feira já há menos curiosos nas imediações do presídio de Évora Pedro Nunes

Foram mais duas visitas inesperadas mas de muito peso a José Sócrates. António Guterres, antigo primeiro-ministro e antigo líder do PS, e Fernando Gomes, ex-presidente da Câmara do Porto, foram visitar Sócrates à prisão de Évora esta quinta-feira à tarde.

O actual Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados esteve na prisão de Évora durante meia hora e foi o 14º visitante de José Sócrates, que está ali detido há dez dias. Chegou a pé junto do portão e não quis fazer declarações aos jornalistas que ali se encontravam. À saída limitou-se a dizer que foi fazer uma "visita a um amigo" e que encontrou José Sócrates "muito bem".

Questionado pelos jornalistas à saída, Fernando Gomes foi taxativo: “Acredito profundamente na sua inocência.” E acrescentou estar “seguro” que Sócrates vai “provar” que a sua detenção não tem sentido. “Estou convencidíssimo que vai conseguir provar a sua razão e quero crer que depois deste tempo que ele vai passar aqui em prisão preventiva nada mais vai ser igual neste domínio em Portugal.”

O antigo autarca, que liderou o município portuense entre 1989 e 1999, disse ter encontrado José Sócrates "muito determinado". "Determinado em provar a sua inocência mas não só. Determinado em levar por diante uma luta que transcende o seu próprio caso para que a arbitrariedade que ele diz existir no seu caso [na forma como foi detido] não se repita mais em Portugal." E acrescentou: “Vejo-o determinado a lutar para além da sua própria prisão preventiva.”

Uma cruzada pela moralização da justiça que Fernando Gomes acredita que será travada por Sócrates “fora dos muros”, embora o possa continuar a fazer enquanto estiver na prisão. Porque “ele não é das pessoas que se calem. Não é possível silenciar o engenheiro José Sócrates”.

Fernando Gomes afirmou-se "muito emocionado", contou que foi um “encontro com uma emotividade enorme” e que embora um dos propósitos da sua visita fosse para "animar" José Sócrates, acabou, ele próprio, por receber esse ânimo do amigo detido.

Defendendo que a situação do antigo líder socialista não afecta o partido, Fernando Gomes considera que “houve o cuidado de separar as águas a seu tempo. Ele próprio, no primeiro comunicado que fez - e muito bem, o que só demonstra a sua qualidade intelectual e como militante do PS -, fez questão de separar as águas. Não, acho que isso [a detenção] tenha qualquer influência [na vida do partido].”

José Sócrates foi ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território assim como ministro do Equipamento Social do segundo Governo de António Guterres. Fernando Gomes foi ministro Adjunto de Guterres e também seu ministro da Administração Interna durante o primeiro ano dessa legislatura.

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