Novo director nacional da PSP quer melhorar condições financeiras dos polícias

Luís Montenegro deixou recado às forças de segurança: não vale a pena alimentar cenários irrealistas, porque há “centenas de milhares de prestadores de serviço público na mesma circunstância”.

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Luís Carrilho tomou hoje posse como novo director nacional da PSP MIGUEL A. LOPES / LUSA
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O novo director nacional da PSP, Luís Carrilho, comprometeu-se esta sexta-feira, durante a sua tomada de posse no Ministério da Administração Interna, a bater-se pela valorização socio-profissional e financeira dos polícias. O responsável máximo da PSP prometeu ainda fornecer aos seus homens e mulheres o equipamento necessário ao desempenho das suas funções.

"Comprometo-me a priorizar o bem-estar de todos os polícias. Isso significa não apenas trabalhar, no que estiver dentro da minha esfera de competências, para melhores condições socio-profissionais e financeiras, mas também assegurar o equipamento adequado e a formação de qualidade. E, paralelamente, promover a criação de um ambiente de trabalho onde cada membro da PSP se sinta valorizado, respeitado e apoiado", declarou, sublinhando também a importância do papel do pessoal com funções não policiais.

Do ponto de vista operacional, Luís Carrilho referiu-se ao reforço do policiamento de proximidade, aspecto aliás referido também pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, durante o seu discurso na cerimónia.

De resto, o primeiro-ministro não se furtou à questão dos aumentos salariais das forças de segurança, tendo defendido também não só a sua valorização como também o fim das condições "indignas" em que muitos trabalham. Porém, foi também avisando que há que levar em conta os constrangimentos financeiros que o país atravessa: "São centenas de milhares de prestadores de serviço público, em varias áreas, que se encontram na mesma circunstância. Qualquer alteração provoca uma mexida muito substancial nas nossas contas e na nossa gestão orçamental".

Para Luís Montenegro, "não vale a pena alimentar a opinião pública com cenários irrealistas, porque quando dizemos à sociedade que podemos ter uma coisa que não vamos ter isso é indutor de uma relação de desconfiança. Vamos, no momento seguinte, frustrar a sociedade". Mesmo assim, reconheceu, para conseguir recrutar mais efectivos para as polícias e também para impedir os que já lá estão de se irem embora é necessário dar mais atractividade à carreira: "Temos de a valorizar, num contexto difícil onde infelizmente temos esse problema de forma transversal em toda a administração pública".

O primeiro-ministro fez ainda questão de aludir ao activo financeiro que representa para o país a segurança e a baixa criminalidade, do ponto de vista da atractividade turística, e como isso se revela "essencial" para a estabilidade económica e social do país.

O "brilhantismo e o humanismo" de Barros Correia

Alertas à parte, o primeiro-ministro espera que o Governo possa, a breve prazo, dar "boa sequência às negociações encetadas" com os sindicatos das forças de segurança. E elogiou a forma "empenhada" como a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, tem conduzido o processo. Dirigindo-se à titular da pasta, naquilo que pode ser também interpretado como um recado ao anterior director nacional da PSP, Barros Correia, que foi exonerado pelo executivo, Montenegro afirmou que "este não é o tempo de entrevistas", mas, no caso da ministra, de "fazer o trabalho de casa".

A exoneração de Barros Correia aconteceu escassos dias depois de este responsável se ter colocado uma vez mais ao lado da classe e das suas reivindicações. Questionado sobre os protestos das forças de segurança na sequência dos aumentos atribuídos à Polícia Judiciária durante uma entrevista ao Diário de Notícias, respondeu: "Era de esperar uma reacção por parte dos elementos da PSP. O desequilíbrio que existe entre a PSP e algumas outras forças e serviços de segurança é grande e ficou pior. Isto traz para o seio da PSP um desconforto maior".

No seu discurso de tomada de posse, Luís Carrilho fez questão de elogiar o desempenho do seu "camarada" e antecessor à frente desta polícia, pelo seu "brilhantismo e humanismo". Já Montenegro deixou um recado sobre o comportamento das forças de segurança: "Nós, no Governo, somos governo a todo o tempo. E os agentes de segurança também, estejam em funções na rua, em funções associativas ou sindicais à mesa das negociações".

A mensagem não caiu bem a um dos representantes da plataforma sindical que tem estado em conversações com a ministra, Armando Ferreira: "Neste momento não estamos muito receptivos a recados, porque a tutela só nos quer dar um aumento de 75 euros mensais", muito longe dos quase 600 que os efectivos da Judiciária viram aumentados a título de suplemento de missão. "É inaceitável", observou o dirigente do Sindicato Nacional de Polícia.

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