Há uma solidão primária no que observamos e é impossível não nos sentirmos intrusos esta noite nesta praia no fim do mundo. Avançamos em silêncio apenas quebrado por murmúrios, luzes LED vermelhas a indicar-nos o caminho, de buraco em buraco. E tudo parece culminar no momento em que observamos uma “lágrima” escorrer no rosto impassível de uma tartaruga. Vem acompanhada de uma respiração ofegante, como um lamento visceral, e de um erguer da cabeça na pausa do seu labor — está a pôr ovos. E o ninho que ela decidiu escavar é sobre outro: começam a eclodir os outros ovos que já estariam aí há dois meses. Belmiro, também aqui o nosso guia, decide ajudar a natureza pegando numa das minúsculas tartarugas ainda a aprender a respirar e atirando-a para a areia onde irá começar a desorientada caminhada para o mar.
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