Algumas coligações negativas que tramaram Costa

Foram poucos os casos, mas houve alianças entre PCP e Bloco e a direita que levaram à aprovação de algumas medidas contra a vontade dos socialistas - a mais sonora foi a da transparência dos cargos públicos.

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Algumas alianças imprevisíveis deixaram o PS sozinho AFP/PATRICIA DE MELO MOREIRA

A aprovação das medidas de transparência para os gestores públicos que obrigam a actual administração da Caixa Geral de Depósitos a entregar as declarações de rendimentos e património no Tribunal Constitucional foi a “coligação negativa” que mais estragos provocou no debate na especialidade. O Bloco juntou-se ao PSD e CDS para aprovar a proposta social-democrata, enquanto o PCP se manteve junto do PS. Mesmo depois de os socialistas avocarem a proposta para uma nova votação no dia seguinte (sexta-feira), talvez na esperança de um retrocesso dos bloquistas, estes fizeram finca-pé e mantiveram-se ao lado da direita.

A questão da CGD foi motivo para uma troca de acusações entre partidos que suportam o Governo – e o próprio executivo – e as bancadas da oposição. O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, responsabilizou o anterior Governo PSD/CDS por ir empurrando com a barriga a recapitalização do banco. Luís Montenegro, líder da bancada do PSD, saiu em defesa dos sociais-democratas, acusando o governante de um “ridículo jogo de passa culpas”. E acusou o Governo de “inoperância e de incompetência” na resolução dos problemas da CGD.

Outros casos do género mas com implicações financeiras para as instituições foi a aprovação, por todas as bancadas excepto a do PS (que votou contra), da proposta comunista que permite a entrada gratuita em museus aos domingos de manhã e feriados. E também a proposta do CDS que compromete o Governo a concretizar a construção do IC35 (ligando a A4 e a A25, atravessando os concelhos de Penafiel, Marco de Canavezes, Castelo de Paiva e Cinfães), que foi aprovada devido à abstenção do Bloco, que favoreceu os votos a favor do CDS e do PSD. PS e PCP votaram contra.

Os comunistas conseguiram também aprovar, contra a vontade do PS, com o apoio do BE e da direita, a recomposição das carreiras dos sargentos fuzileiros deficientes das Forças Armadas graduados em sargento-mor, que até aqui tinham visto recusadas as promoções que requereram. 

As coligações negativas, alianças imprevisíveis entre os partidos da esquerda e os da direita, contribuíram para integrar no Orçamento para 2017 propostas que o Governo não contava aprovar.

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