Podem as eleições dos EUA ser viciadas?

As acusações do candidato presidencial republicano não são confirmadas pela realidade.

Foto
AFP/FREDERIC J. BROWN

Não há uma eleição presidencial nos EUA, mas 50 eleições presidenciais, uma vez que cada estado do país tem as suas próprias comissões eleitorais independentes entre si, que são responsáveis pela organização da votação e apuramento dos resultados. São os estados que definem todas as regras, por exemplo, se os eleitores podem registar-se para votar no próprio dia, se é possível ou não o voto antecipado (presencial ou por correspondência), se são utilizados boletins em papel depositados em urnas ou se o voto se processa electronicamente...

Essa é uma das razões por que a tese de Donald Trump de que está em marcha uma grande conspiração para viciar os resultados da votação presidencial não colhe. Demasiados estados utilizam demasiados sistemas diferentes para que essa acção pudesse ser concertada: dada a descentralização e fragmentação do sistema eleitoral norte-americano, a integridade da votação não está comprometida, asseguram as autoridades estaduais, que respondem aos respectivos governadores (actualmente, 31 republicanos, 18 democratas e um independente).

A outra razão é de que não há qualquer evidência de que as fraudes contra as quais Trump se insurge no Twitter se tenham verificado ou possam ocorrer a 8 de Novembro: eleitores que conseguem votar cinco ou dez vezes, votos depositados em nome de pessoas que já morreram, ou irregularidades na programação das máquinas de voto.

As investigações académicas sustentam os relatórios das comissões estaduais, que sublinham que a arquitectura do sistema impede que a fraude possa acontecer sem ser detectada. Ou seja, como sugere Trump, que um eleitor seja autorizado a votar várias vezes ou em nome de outra pessoa – desde o ano 2000, só foram identificados 31 casos nas mesas de voto de todo o país, e esses votos foram invalidados.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários