Rivera dá a mão a Mariano Rajoy para tentar evitar eleições em Espanha

O Partido Popular e o Cidadãos aumentam a pressão sobre o socialista Pedro Sánchez para que desista do seu “não é não”.

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Mariano Rajoy reuniu com o líder do Cidadãos, Albert Rivera AFP/GERARD JULIEN

Depois de se ter reunido com Albert Rivera, líder do Cidadãos (centro), Mariano Rajoy deu a entender que estava mais optimista: “Gostaria de que isto fosse mais rápido mas demos hoje o primeiro passo de uma longa caminhada”. Acrescentou o chefe do Partido Popular no fim do encontro na quarta-feira: “Ontem não havia negociação possível [com o socialista Pedro Sánchez]. Vamos tentar.” E anunciou a abertura de um “canal permanente do comunicação” com o Cidadãos. Ambos quiseram passar a mensagem de que a investidura é ainda possível.

Rivera declarou-se disposto a negociar o Orçamento de 2017 logo que haja Governo, com o argumento de que as exigências de Bruxelas obrigam a avançar o trabalho nas contas públicas que têm de estar prontas até ao fim de Setembro. Transmitiu a Rajoy a necessidade de assinar já um pacto por “uma união e por Espanha”, contra o separatismo. Note-se que Luís Guindos, ministro da Economia, e Luís Garricano, responsável económico do Cidadãos, têm-se reunido regularmente.

Mas o essencial da discussão terá estado centrado no desbloqueamento político. Deste ponto de vista, o Cidadãos não alterou a sua posição: abster-se-á no segundo voto da investidura, sem pôr condições. Não se oferece como mediador entre o PP e o PSOE mas está disposto a sentar-se à mesa com eles se isso ajudar a que Sánchez desista do seu “não é não”. Avisou-o de que, a manter-se a sua inflexibilidade, a Espanha “está condenada a uma crise institucional sem precedentes”.

Repita-se que Rivera também não deu o passo que Rajoy lhe pede, o de votar “sim” no primeiro dia, formando um bloco de 169 deputados, perto da maioria absoluta (176), o que encostaria o PSOE à parede. A dois meses das eleições bascas e galegas, não quer passar por “muleta de Rajoy”. Mas está, à sua maneira, a pressionar Sánchez para que assuma uma posição simétrica à sua: para haver Governo não basta a abstenção do Cidadãos mas também a do PSOE.

Sánchez debaixo de fogo

De forma geral, a grande imprensa espanhola faz críticas duras ao chefe socialista. Esta quarta-feira, o El País sublinhava que a estratégia de Sánchez “destila um insuportável aroma de tacticismo orgânico”. Explicava em editorial: “É impossível escutar Sánchez sem deduzir que está a pensar unicamente no seu cálculo pessoal para sobreviver como secretário-geral do PSOE. E isso pode condená-lo a fracassar em ambas as metas: não pode razoavelmente tentar presidir a um Governo com 85 deputados e uma soma disparatada de siglas, nem merece dirigir um partido que dia a dia condena à irrelevância.”

Felipe VI interrompeu as suas férias em Maiorca para uma breve reunião com Rajoy, no palácio da Zarzuela, onde terão feito o ponto da situação política.

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