Trump mais perto de Clinton, mas quem não gosta pode ficar tranquilo

Uma sondagem da Universidade de Suffolk para o jornal USA Today deixa o magnata a cinco pontos da antiga secretária de Estado. Uma distância muito mais curta em relação à sondagem anterior, mas em linha com a média.

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Donald Trump Rick Wilking/Reuters
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Hillary Clinton Mike Stone/Reuters

Num ano em que os eleitores norte-americanos vão ter de escolher entre os candidatos do Partido Republicano e do Partido Democrata menos populares das últimas décadas, a balança das sondagens continua, ainda assim, a pender para o lado de Hillary Clinton. Na mais recente, publicada pelo jornal USA Today, Trump encurta a distância para pouco mais de cinco pontos percentuais, mas não há nenhuma grande surpresa em relação a outros inquéritos divulgados desde o mês passado.

Como há sondagens quase todos os dias, é tentador valorizar toda e qualquer pequena flutuação – no caso da sondagem feita pela Universidade de Suffolk para o USA Today, os títulos das notícias levam a crer que a candidata do Partido Democrata está a perder muito terreno, mas a verdade é que Trump já esteve mais perto e até já esteve na liderança; Clinton já esteve muito mais à frente do magnata; e os dois candidatos chegaram a estar empatados em duas sondagens, uma delas da CNN.

No caso da mais recente – a do jornal USA Today –, Hillary Clinton recolhe 45,6% das intenções de voto contra os 40,4% de Donald Trump, entre os mil eleitores que foram ouvidos por telefone fixo ou por telemóvel e que dizem estar inclinados a sair de casa no dia 8 de Novembro para votar num dos candidatos.

Quando comparada com a anterior sondagem da Universidade de Suffolk para o USA Today, realizada em Abril, Donald Trump surge como um candidato que está a conquistar terreno ao ritmo dos tweets que partilha (e que é muito elevado) – em Abril, estava 11 pontos percentuais atrás da antiga secretária de Estado (50% contra 39%).

Mas também pode ser feita uma comparação com a sondagem da Universidade de Suffolk para o USA Today que foi publicada em Fevereiro – por essa altura, Donald Trump era o líder, com mais dois pontos percentuais do que Hillary Clinton (45% contra 43%).

Não é possível perceber a fundo o que motiva estas flutuações – na maioria dos casos, há um episódio em particular, talvez uma declaração, que empurra os eleitores mais para um lado do que para outro –, e é por isso que os especialistas preferem olhar para a média das sondagens mais importantes ao longo do tempo.

Olhando para o cenário dessa forma – e não apenas comparando a mais recente sondagem de uma universidade ou empresa com a sua sondagem anterior –, Hillary Clinton mantém uma vantagem de 4,6 pontos percentuais sobre Donald Trump, de acordo com o site RealClearPolitics.

A diferença é que esses 4,6 pontos são reflexo dos resultados das últimas 11 sondagens, que incluem o USA Today mas também o Wall Street Journal, os canais ABC e Fox News, a agência de notícias Reuters, a revista Economist, a Universidade Quinnipiac e até a Rasmussen Reports, uma empresa acusada pelo especialista Nate Silver de favorecer os candidatos do Partido Republicano.

O que as sondagens têm mostrado é que a campanha para a presidência dos EUA vai ser feita pela negativa, como salientou ao USA Today David Paleologos, director do instituto de sondagens da Universidade de Suffolk: "Os agentes políticos sabem que vai ser uma campanha de ódio porque os candidatos dos dois maiores partidos já partem com valores negativos sem precedentes – Clinton tem 53% de opiniões negativas e Trump tem 60%. Quando não se consegue fazer com que o nosso candidato tenha mais do que 50% de opiniões positivas, a estratégia é empurrar o adversário para os 65% de opiniões negativas."

Apesar de Clinton manter a liderança na média das sondagens, não será nenhuma surpresa se os próximos inquéritos mostrarem uma aproximação ainda maior de Donald Trump. A mais recente do USA Today foi feita entre 26 e 29 de Junho, antes de os inquiridos terem ficado a saber que o ex-Presidente Bill Clinton se encontrou no aeroporto internacional de Phoenix com a procuradora-geral norte-americana, Loretta Lynch – a principal responsável pela investigação do FBI à polémica dos emails pessoais de Hillary Clinton.

Fantasma dos emails volta para assombrar Clinton, desta vez invocado pelo próprio governo

Para quem está convencido de que o casal Clinton é uma organização opaca, essa informação servirá apenas para reforçar os seus preconceitos; quem acredita que Hillary Clinton será uma óptima Presidente e quem tem medo de ver Donald Trump na Casa Branca, dificilmente vai mudar de opinião. Mas os independentes, os indecisos e os que odeiam tanto Trump como Clinton começam a ter, mais do que nunca, a faca e o queijo na mão.

"Uma das estatísticas mais reveladoras pode ser encontrada entre os 116 prováveis eleitores que estavam indecisos entre Clinton e Trump. O valor desfavorável em relação a Clinton é de 69%, mas esse valor sobe para uns colossais 91% em relação a Trump", salienta David Paleologos.

Mas o responsável do instituto da Universidade de Suffolk aconselha os analistas a olharem também para as atitudes dos que dizem odiar tanto Clinton como Trump, e neste caso ambos podem ganhar algum terreno: "Apesar dos seus sentimentos negativos em relação a ambos os candidatos, quando lhes é perguntado quem escolheriam entre os dois, 26% votariam em Trump, 19% votariam em Clinton, 44% estão indecisos e 11% recusaram-se a responder. Uma ligeira vantagem para Trump entre o grupo dos que odeiam os dois candidatos, mas a maioria está indecisa porque está a ainda a lidar com a ideia de tapar o nariz e escolher um deles ou votar num terceiro candidato. Ou ficar em casa em Novembro."

Para além dos cuidados com as comparações entre sondagens separadas por dias ou poucas semanas, faltam ainda cinco meses para o dia das eleições, marcado para 8 de Novembro. Até lá, Donald Trump ainda terá de garantir a nomeação pelo Partido Republicano (entre 18 e 21 de Julho, em Cleveland) e Hillary Clinton deverá fazer o mesmo na convenção do Partido Democrata (entre 25 e 28 de Julho, em Filadélfia). Depois disso, espera-se uma campanha brutal que deverá provocar fortes oscilações nas sondagens a cada dia que passa – com cada uma delas a ser tratada pelas duas campanhas como se fosse a definitiva.

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