Passos diz que fala da “situação interna” em Lisboa, não em Bruxelas

Apesar da actual situação política portuguesa ter sido discutida em diversas reuniões com membros europeus esta quinta-feira em Bruxelas, Passos Coelho diz que apenas fala da agenda nacional em Lisboa.

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Passos à chegada ao Conselho Europeu desta quinta-feira AFP/EMMANUEL DUNAND

“Não vou falar da situação política interna aqui hoje.” Foi assim que Pedro Passos Coelho respondeu aos jornalistas em Bruxelas que o questionavam sobre a falta de decisão relativamente a quem formará o próximo governo português.

“Essa matéria não esteve em discussão no Conselho Europeu e eu não intervim no conselho para falar sobre Portugal e as eleições portuguesas…É matéria que está na actualidade em Portugal e sobre a qual me pronunciarei em Lisboa, mas não aqui,” explicou Passos Coelho depois da conclusão de uma cimeira entre os 28 Estados-membros em Bruxelas, esta quinta-feira.

Durante o dia foram vários os encontros e comentários relativamente à situação política portuguesa. António Costa esteve na reunião do Partido Socialista Europeu (PSE) — que tradicionalmente acontece antes das cimeiras de chefes de Estado e de Governo. Também Passos Coelho participou no encontro do Partido Popular Europeu (PPE) e Catarina Martins esteve também ela em Bruxelas, onde debateu o impasse político nacional com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.

Do lado socialista, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, disse ser “absolutamente normal” que o PS procurasse aliados à esquerda e admitiu que gostaria de ver o seu “amigo António Costa” como primeiro-ministro. Já o secretário-geral do PPE, Antonio López-Istúriz, disse que a decisão que vier a ser tomada tem de ser respeitada, “mas Passos Coelho devia continuar e concluir o seu trabalho durante os próximos quatro anos”.

O primeiro-ministro português disse ainda no final da cimeira de chefes de Estado que Portugal irá enviar a Bruxelas o seu plano orçamental para 2016 um mês antes de ser aprovado no parlamento nacional — tal como ditam as normas Europeias.

“Dadas as circunstâncias particulares em que estamos, não faria sentido que o Governo que está de saída apresentasse o draft, o projecto de um orçamento, que não vai fazer,” disse Passos Coelho.

De acordo com o líder do PSD, o documento, que deveria ter sido entregue até às zero horas de sexta-feira, será entregue à Comissão Europeia com um mês de antecedência face à data prevista para aprovação parlamentar — algo que certamente não acontecerá antes do dia 23 de Novembro, quando a Comissão publicar a sua opinião relativamente aos planos orçamentais dos países da zona euro.

Passos Coelho não acredita que até dia 23 de Novembro Portugal terá um Governo novo com condições para poder trabalhar num plano de orçamento. De qualquer forma, e independentemente de quem formará o próximo executivo, Passos acredita que este não irá desrespeitar as regras europeias e vai continuar o “esforço” dos últimos anos.

 

 

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