EUA disponíveis para cooperar com Rússia no combate ao Estado Islâmico na Síria

Casa Branca manifesta abertura para "discussões tácticas e práticas" sobre a erradicação da ameaça terrorista. Mas Washington mantém alerta sobre perigo das movimentações de Moscovo em apoio ao regime da Síria.

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Na Síria, as Forças Armadas leais ao regime terão começado a usar novo armamento fornecido pela Rússia AFP/YASIN AKGUL

Os Estados Unidos estão disponíveis para cooperar com a Rússia no combate à ameaça do Estado Islâmico na Síria, apesar de os dois países se encontrarem em lados opostos no que diz respeito às soluções militares para pôr fim à guerra civil e ao apoio ao regime do Presidente Bashar al-Assad.

“A Administração continua aberta a discussões práticas e tácticas com a Rússia sobre a melhor forma de combater o Estado Islâmico na Síria”, confirmou esta quinta-feira o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.

O mesmo responsável garantiu que o Presidente Barack Obama mantém intacta a sua confiança no trabalho do general Lloyd Austin à frente do Comando Central dos Estados Unidos, que cobre o Médio Oriente, e nos esforços desenvolvidos para travar os jihadistas na Síria.

A estratégia do Pentágono para a Síria foi questionada no Congresso depois de o próprio Austin ter informado que só quatro ou cinco rebeldes sírios treinados e equipados pelas forças norte-americanas para combater o Estado Islâmico se mantinham activos. Segundo o porta-voz da Casa Branca, o programa de assistência militar aos rebeldes sírios está em processo de revisão: “O Presidente acredita que as nossas forças devem operar num nível superior”, referiu.

Entretanto, uma fonte militar da Síria confirmou à Reuters que as Forças Armadas leais ao regime começaram a usar novo armamento fornecido pela Rússia. “O novo equipamento [aéreo e terrestre] tem elevada eficácia, e permite destruir alvos com toda a precisão”, revelou a mesma fonte, citada sob anonimato. O Kremlin precisou que todo o apoio militar a Damasco tinha por objectivo a luta contra o terrorismo, a salvaguarda da soberania do Estado sírio e a prevenção de uma “catástrofe total” na região.

As movimentações militares da Rússia na Síria já mereceram duras críticas de Washington, que considera que a escalada militar vai exacerbar o conflito sectário e a guerra civil no país. Com as forças norte-americanas envolvidas numa missão internacional contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque, vários analistas militares têm alertado para um possível futuro confronto entre a aviação dos Estados Unidos e da Rússia, se Putin decidir apoiar o Exército de Assad.

Numa entrevista à televisão estatal, o ministro sírio dos Negócios Estrangeiros, Walid al-Moualem, disse que Damasco não hesitará em pedir o apoio das tropas russas se vier a considerar necessário, mas desmentiu que soldados russos estejam actualmente envolvidos nos combates em curso. “Não está a decorrer nenhuma missão conjunta com o Exército russo mas, se sentirmos essa necessidade, não deixaremos de avaliar a situação e fazer esse pedido”, afirmou.

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