Quintanilha critica privatizações e diz que há alternativa à austeridade

A ex-campeã olímpica, Rosa Mota, é a mandatária distrital da candidatura.

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Alexandre Quintanilha e os candidatos do Porto Fernando Veludo

O cabeça de lista de deputados do PS pelo circulo eleitoral do Porto, Alexandre Quintanilha, critica violentamente o Governo por dizer que “estamos mal, mas não há alternativas” e que a “privatização do Estado Social vai dar origem a maior competitividade”. “Vamos lutar por alternativas credíveis que garantam um futuro melhor”, declarou esta terça-feira o cabeça de lista pelo Porto, sublinhando que o “estudo macroeconómico apresentado pelo PS, prova que é possível fazer diferente e que há alternativa à austeridade” decretada pelo Governo de direita.

Na sessão de apresentação dos candidatos, que decorreu ao ar livre na Praça Carlos Alberto, onde foi anunciado que Rosa Mota é a mandatária distrital, Alexandre Quintanilha partilhou com a plateia as sete razões que o levaram a aceitar o convite do secretário-geral do PS, António Costa, para liderar a lista de deputados e pediu o empenho de todos para construir um futuro melhor para Portugal.

Num discurso muito aplaudido, Quintanilha recuou a 2011 para afirmar que “as nossas vidas pioraram desde essa altura” e aproveitou para declarar: “Estamos fartos de ouvir dizer que apesar de estarmos mal não existem alternativas, que o que está a ser feito é a única forma de avançarmos em Portugal e na Europa”.

O professor jubilado insurgiu-se também contra a privatização do Estado Social “como argumento de que vai dar origem a uma maior competitividade" – quando, diz, “isso é mentira só beneficia uma pequeníssima minoria, não só em Portugal como no mundo” - e considerou que a “austeridade a que fomos sujeitos não conseguiu aquilo que foi prometido”.

Sobre o futuro da Europa defendeu um “novo rumo e um grande debate com os aliados”. “Há muita gente que não está satisfeita com o rumo que tem sido seguido”, desabafou.

Antes, falara do “défice que aumentou”, do “desemprego que continua altíssimo, apesar de ter baixado” e da “justiça que não melhorou”. Puxando pelos restantes membros da lista, Alexandre Quintanilha, que se “converteu” ao Porto não pelo seu “granito”, mas porque a cidade tem uma marca própria que passa pela “curiosidade, imaginação e trabalho”, aludiu ao “enorme prestígio internacional das instituições que o distrito tem, as quais – salientou -  “promovem cultura e orgulham-se do ensino que fazem”.

O cabeça de lista pelo Porto não esqueceu os “valores e a independência intelectual” da cidade e referiu-se a eles com “orgulho”. No dia em que o Governo anunciou a opção pelo ajuste directo para a concessão do Metro do Porto e Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, o professor jubilado tratou de criticar a onda de privatização a cerca de mês e meio das eleições legislativas. “Sou contra a privatização cega e a destruição acelerada da responsabilidade do Estado”, apontou.

Aplaudido por diversas vezes, o futuro deputado, que agradeceu o facto de Rosa Mota ter aceitado o convite para ser a mandatária distrital, revelou que aos 70 anos (feitos há poucas semanas) estava na altura de descansar. “Mereço esse sossego. Ler livros - adorava ler o D. Quixote, viajar, ver filmes, experimentar novas receitas de cozinha (…), mas abdiquei disso tudo para lutar convosco para apresentarmos alternativas credíveis, que garantam um futuro melhor”, comprometeu-se.

Compromissos distritais
Foi também de compromissos que José Luís Carneiro, número dois da lista, falou. O presidente da distrital do PS-Porto abriu a sessão para enumerar os dez compromissos distritais assumidos pelos 38 elementos da candidatura socialista. A defesa do Serviço Nacional de Saúde, da escola pública e o combate à pobreza são três dos compromissos assumidos pelo futuro deputado, que suspendeu o seu mandato como presidente da Câmara de Baião.

“Combater as desigualdades sociais e os factores geradores da pobreza estarão nas primeiras prioridades do compromisso político, quer por razões de equidade e de justiça social, quer por razões de coesão social e territorial”, declarou o líder do PS-Porto que assumiu o compromisso de estabelecer um “pacto distrital contra a pobreza, as desigualdades e a exclusão”.

Os socialistas fazem da cultura, do ensino superior, da investigação e do conhecimento um compromisso do distrito a par da desconcentração e descentralização. Sobre este ponto, declarou que “os eleitos lutarão pelo reforço da legitimidade dos órgãos de poder regional e pela democratização tendo em vista o objectivo constitucionalmente consagrado da regionalização, verdadeira reforma de qualificação democrática e desenvolvimento regional”.

Por ter decorrido numa praça, a sessão chamou a atenção de muitos curiosos, mas não só. O vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, fez questão de estar presente, bem como Tiago Guedes, director do Teatro Rivoli. Uma das ausências registadas foi a do deputado Renato Sampaio.

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