Marcelo avisa sociais-democratas que não podem abrir brechas nas presidenciais

Antigo líder do PSD adverte que será "um problema se começa a haver o grupo A, o grupo B, o grupo C, o grupo D…”

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António Carrapato

Marcelo Rebelo de Sousa afirma que o PSD não pode cometer “nenhum tipo de erros” nas semanas que antecedem a realização das eleições legislativas de Outubro e lança um apelo para que, internamente, se evitem divisões em matéria de presidenciais como as que estão a acontecer no PS.

O antigo presidente do partido pega na recente polémica dos cartazes do PS que veio dar um toque de silly season à pré-campanha das legislativas e que obrigou o secretário-geral dos socialistas a pedir desculpas, para dizer que, se o caso tivesse ocorrido mais à frente, próximo da campanha eleitoral para as legislativas, “seria muito difícil de recuperar”.

Quanto às eleições para a chefia do Estado, não tem sombra de dúvidas de que seria errado estar a “encavalitar as presidenciais nas legislativas”. “É muito cedo para se discutir as presidenciais, para além de ser um erro, porque essa discussão, no quadro da coligação [Portugal à Frente], limitaria a hipótese de vitória da actual maioria nas legislativas”. “Não vejo grande vantagem em antecipar juízos sobre uma matéria que é prematura. Está-se no tempo das legislativas e o que está a acontecer à esquerda [com as candidaturas de Sampaio da Nóvoa, Henrique Neto e agora Maria de Belém] condiciona o resultado eleitoral de António Costa”, considera Marcelo.

Ao PÚBLICO, o professor e comentador político insiste na tónica das divisões no principal partido da coligação – “é um problema se começa a haver o grupo A, o grupo B, o grupo C, o grupo D…” – e explica que “só evitando divisões internas é que o PSD consegue juntar na campanha todas as figura do partido”.

A cerca de meio ano das eleições para a Presidência da República, Marcelo não abre ainda o jogo sobre se vai entrar na corrida, mas fala de dificuldades para os candidatos do centro-direita. “Se continuarem a surgir mais candidaturas à esquerda começa a ser mais difícil competir para qualquer candidato do centro-direita”, refere, fazendo as contas às candidaturas que já andam no terreno e àquelas que se avizinham.

Sem nunca se referir a nenhum dos candidatos da sua área política, que, aparentemente, se estão a posicionar para entrar na corrida das presidenciais como é o caso de Rui Rio, Pedro Santana Lopes, Alberto João Jardim e dele próprio, Marcelo considera que as hipóteses de a esquerda ter dois candidatos na segunda volta são “muito elevadas”, mesmo que a coligação de direita vença as legislativas.

A terminar um curto período de férias entre o Algarve e o Alentejo, Marcelo Rebelo de Sousa há muito que anda no terreno a recolher o apoio das bases do partido que gostariam de o ver sentar-se na cadeira presidencial que agora é ocupada por Cavaco Silva.

A coligação Portugal à Frente parte para a campanha eleitoral com um propósito: reconquistar os indecisos que na área do partido liderado por Pedro Passos Coelho atinge os 26% contra 16,9% da área do PS, de acordo com uma sondagem publicada esta semana no Correio da Manhã. A sondagem foi realizada a partir da análise longitudinal dos dados provenientes de dez sondagens mensais, realizadas desde Outubro de 2014.

É nos centros urbanos de Lisboa e do Porto e também em Setúbal que as eleições legislativas se ganham e os partidos da maioria vão querer fazer uma campanha que não passe pelo ataque, porque a mensagem que têm vindo a passar é de estabilidade, de segurança e de pacificação, e não vão querer muito sair deste registo. Sucede, porém, que o PS ainda não abriu as hostilidades nem radicalizou o discurso, apelando ao voto útil de esquerda.

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