Tsipras garante que “vai haver uma solução” para a crise grega

Banco Central Europeu vai analisar pedido do Banco da Grécia para mais assistência de emergência.

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Manifestação a favor de um acordo com os credores e da manutenção da Grécia no euro Yannis Behrakis/Reuters

Quando os bancos gregos se debatem com os levantamentos de depósitos, o Banco Central Europeu reúne nesta sexta-feira de emergência e a União Europeia marcou uma cimeira extraordinária de líderes. Por seu lado, o primeiro-ministro grego diz que “todos os que estão a apostar num cenário de crise e de terror vão ver que estavam enganados”.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, declarou esta sexta-feira que “vai haver uma solução baseada no respeito das regras da União Europeia e da democracia que vão permitir à Grécia voltar ao crescimento no euro”, disse em comunicado. A cimeira de urgência de líderes europeus marcada para segunda-feira, depois do Eurogrupo desta quinta-feira ter terminado sem qualquer aproximação de posições entre a Grécia e os credores, é “um desenvolvimento positivo no caminho para um acordo”, disse Tsipras. Fontes gregas sublinham que é isto que o Executivo quer: uma decisão sobre a crise ao mais alto nível político.

Entretanto foi anunciado que uma nova reunião extraordinária do Eurogrupo precederá a cimeira dos líderes.

Na noite de quinta-feira, um protesto a favor de manter a Grécia no euro e na União Europeia encheu a praça Syntagma em Atenas – as fotos mostravam uma multidão muito parecida à que na véspera se tinha manifestado pelo fim das exigências de austeridade ao Governo do país. Numa sondagem na semana passada, 56,2% dos inquiridos dizia preferir manter-se no euro com um mau acordo, contra 35,4% que preferiam não ter nenhum acordo. 

Era difícil não ver sinais negativos depois de na reunião do Eurogrupo, na quinta-feira, a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, ter dito que a crise precisa de um “diálogo com adultos na sala” e, sobretudo, depois de haver rumores de que os bancos gregos poderiam não abrir na segunda-feira.

Segundo o jornal grego Kathimerini, o Banco da Grécia pediu ao Banco Central Europeu (BCE) 3,5 mil milhões adicionais de fundos através do mecanismo de emergência ELA (sigla em inglês). Responsáveis do BCE iriam reunir-se esta sexta-feira para analisar o pedido, motivado pelos levantamentos de depósitos. Segundo o Kathimerini, entre segunda e quarta-feira saíram dois mil milhões de euros dos bancos gregos e mais de mil milhões na quinta-feira, à medida que aumentaram os medos de que não haja um acordo.

Fontes citadas pelo diário britânico The Guardian dizem que a maioria dos levantamentos está a ser feito por pessoas com poucas poupanças - as grandes transferências para o estrangeiro já terão sido feitas há muito. Muitas das pessoas querem ter dinheiro para a próxima semana ou duas semanas, temendo que os bancos fechem.

Estas negociações entre a Grécia e os credores dizem respeito à última parte de um empréstimo cuja entrega ficou dependente de mais reformas. Sem os 7,2 mil milhões de euros desta tranche, o país já avisou que não conseguirá pagar a dívida ao FMI que vence em final deste mês, cerca de 1,5 mil milhões de euros.

A Grécia já deu o passo muito pouco usual de pedir para fazer todos os pagamentos ao FMI que tinha previsto para Junho numa só entrega no final do mês, o que foi visto como uma decisão política para guardar o pagamento para o caso de haver um acordo.

Caso não haja acordo, o país entrará em incumprimento, com consequências imprevisíveis. Seria a primeira vez que um estado da União Europeia e da zona euro ficaria numa situação de bancarrota. Vários países, como o Reiino Unido ou a Alemanha, já disseram estar a fazer planos de contingência para uma possível saída da Grécia do euro.

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