Há vários interessados na compra do negócio dos mapas da Nokia

A divisão Here, cuja tecnologia já está em alguns carros, foi posta à venda pela multinacional finlandesa.

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Os mapas Here permitiriam à Uber reduzir a dependência do Google Dado Ruvic/REuters

A nova era de telemóveis pôs um GPS no bolso de quase toda a gente e transformou os serviços geolocalizados num mercado ainda mais apetecível. Mas estas são tecnologias em que a Nokia parece não estar interessada. Depois de ter vendido a divisão de telemóveis, a multinacional finlandesa está agora à procura de comprador para a divisão de mapas e sistemas de navegação. Entre os compradores poderão estar marcas de automóveis e o serviço de partilha de carros Uber.

A 15 de Abril, a Nokia anunciou que “tinha iniciado uma revisão de opções estratégicas” para a Here, a divisão de negócios dos mapas e serviços de geolocalização, e que as hipóteses em aberto incluem “um potencial desinvestimento”. A empresa ressalvava que o processo poderia não culminar em qualquer transacção.

Na imprensa internacional, têm sido avançados vários potenciais interessados que já terão avançado com propostas para ficar com o negócio. Entre estes, está um consórcio que incluirá as marcas alemãs BMW, Audi e Mercedes-Benz, e ainda o motor de busca chinês Baidu. Uma outra oferta terá sido feito por uma fundo de investimento. E à corrida, de acordo com o New York Times e o Wall Street Journal, juntou-se recentemente a Uber. Nenhuma destas propostas foi confirmada pelas empresas.

As aplicações da Uber, que permitem contratar carros com motorista, usam os mapas do Google para indicar a posição do utilizador, dos automóveis disponíveis e os trajectos feitos. O Google é um investidor de peso na Uber, através do seu fundo de capital de risco, que colocou cerca de 258 milhões de dólares na empresa. Mas relatos na imprensa dos EUA têm apontado a existência de tensão entre as duas companhias, à medida que ambas têm ideias para criar serviços semelhantes ou que se sobrepõem, como a entrega de bens ao domicílio. Comprar os mapas Here à Nokia permitiria à Uber reduzir a sua dependência dos serviços do Google. 

Aqueles mapas são uma das três divisões de negócio que ficaram nas mãos da Nokia, depois de a unidade responsável pelo fabrico e comercialização dos telemóveis ter sido vendida à Microsoft. O maior negócio da empresa finlandesa é agora, de longe, o das infraestruturas de comunicações. No primeiro trimestre deste ano, esta divisão representou 84% dos 3196 milhões de euros de facturação. Isto significa um volume de negócios que é cerca de dez vezes superior tanto à facturação dos mapas Here, como à da divisão de licenciamento de tecnologia.

Os mapas Here e a respectiva aplicação de navegação continuam a estar pré-instalados nos telemóveis da Microsoft. Para além disso, a Nokia já começou a levar a tecnologia à indústria automóvel, na qual uma das grandes tendências actuais são os carros conectados. Em Janeiro, a empresa mostrou o resultado de um ano de trabalho com a BMW, que culminou com um sistema que faz recomendações de estacionamento e abastecimento, permite partilhar o destino e tempo estimado de chegada, e que faz avisos para perigos meteorológicos, limites de velocidade e problemas de trânsito. Já no mês pasado, foi a vez da Jaguar demonstrar a integração dos serviços Here num dos seus modelos.

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