Bloco acusa Macedo de deixar sair médicos do SNS para manter hospitais privados

Ministro diz “sobrevivência do SNS” já não está em causa.

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Paulo Macedo foi ao Parlamento para um debate de urgência pedido pelo Bloco de Esquerda Enric Vives-Rubio/Arquivo

O Bloco de Esquerda acusou nesta quinta-feira o ministro da Saúde de não estancar a saída de profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para proteger os “grandes hospitais privados” que “seriam obrigados a fechar as portas se esses médicos não deixassem o SNS para ir para lá”. Paulo Macedo recusou as acusações da deputada Helena Pinto, contrapondo que ao final de quatro anos de mandato a “sobrevivência do SNS” já não está em causa e enumerou vários exemplos de medidas para as famílias, como a isenção de taxas moderadoras até aos 18 anos e a comparticipação da vacina Prevenar.

Paulo Macedo, que está no Parlamento num debate de urgência pedido pelo Bloco de Esquerda para debater os problemas da saúde em Portugal, foi ainda acusado pelos bloquistas de termos agora um “SNS diminuído, frágil e com cada vez menos capacidade de resposta às necessidades de cuidados em saúde da população”. “O objectivo deste Governo era só um. Atacar o SNS, enquanto serviço universal e público”, afirmou Helena Pinto.

A deputada enumerou ainda vários problemas, como a saída de profissionais do SNS por reforma antecipada ou emigração e destacou a “crise” nas urgências hospitalares. “Nunca se tinha visto tantas horas de espera e inclusivamente mortes de doentes sem serem vistos por um médicos”, exemplificou.

Helena Pinto criticou ainda as declarações do secretário de Estado adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, que numa reacção a uma reportagem da TVI sobre a sobrelotação das urgências contrapôs que viu “pessoas bem instaladas, bem deitadas, em macas com protecção anti-queda”. O tema foi retomado pela deputada socialista Luísa Salgueiro. “O senhor ministro não sente repulsa por estas afirmações? Podia aproveitar este momento para se demarcar disso”, acrescentou. Luísa Salgueiro condenou também a postura de Leal da Costa durante este debate “a rir-se cada vez que alguém faz uma crítica”.

Em resposta à intervenção inicial do Bloco de Esquerda, o ministro da Saúde lamentou que Helena Pinto não tenha enumerado as recentes alterações à lei do tabaco e do álcool e aproveitou ainda para dizer que nos primeiros quatro meses do ano foram contratados mais 3500 profissionais de saúde para o SNS, 500 dos quais assistentes operacionais, precisou mais tarde. Paulo Macedo deu também como exemplo a aprovação da comparticipação da vacina Prevenar, contra a pneumonia e meningite, dizendo que foi aprovada no mês passado – apesar de o anúncio oficial ter sido feito nesta quinta-feira, dia do debate de urgência.

Paulo Macedo rejeitou também as críticas de estar a desmantelar o SNS. “O ajustamento foi totalmente assimétrico nos cortes, o que contraria a tese dos cortes cegos”, disse Macedo, assegurando que foi à custa sobretudo da indústria farmacêutica e do combate ao desperdício e à fraude que equilibrou as contas do SNS. Contas essas que, insistiu, permitem agora dizer que a “sobrevivência do SNS” já não está em causa e que se pode apostar em medidas como a melhoria da qualidade de vida.

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