"Acusação tem excessos", diz defesa de suspeito de 439 crimes de abuso sexual de crianças

Professor de educação física e treinador de futebol começou a ser julgado à porta fechada, em Penafiel

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Julgamento começou esta quarta-feira no Tribunal de Penafiel Adriano Miranda/ Arquivo

O advogado do homem suspeito de 439 crimes de abuso sexual de nove crianças, que esta quarta-feira começou a ser julgado em Penafiel, considera que a acusação tem muitas "imprecisões e excessos". "Há [na acusação] muitas imprecisões e excessos. Há crimes de que o arguido está acusado que me parece não terão sido praticados. Vamos tentar desmontar [isso]", afirmou Hernâni Gomes, em declarações ao jornalistas, num intervalo da primeira sessão do julgamento que decorre à porta fechada.

Segundo a acusação do Ministério Público, o suspeito, de 36 anos, desenvolveu, pelo menos desde os 18 anos, uma "forte atracção sexual" por crianças do sexo masculino, com idades entre os sete e os 12 anos.

Aos jornalistas, o jurista adiantou que o seu constituinte, professor de educação física e treinador de futebol, prestou declarações ao longo da manhã (durante cerca de três horas), respondendo às questões formuladas pelo tribunal. Sublinhou também que o suspeito "está muito calmo e a reagir muito bem a todas as questões".

Hernâni Gomes esclareceu que o depoimento do arguido "não vai muito de encontro aos factos da acusação", acrescentando que "está a rebater" a tese do Ministério Público. Avançou também que o seu constituinte "não admitiu nem deixou de admitir a existência de quaisquer crimes pelos quais está acusado". "Está a dar as explicações para os comportamentos que teve ao longo da vida e o seu relacionamento com os menores", acrescentou o causídico.

Questionado sobre as expectativas que tem para o julgamento, o advogado disse "aguardar com expectativa o depoimento da prova indicada pela acusação". "São mais importantes as testemunhas indicadas pela acusação", acentuou, acrescentando: "Vou tentar demonstrar que aquilo que está na acusação não é exactamente o que ocorreu ou o que não ocorreu".

O arguido responde pela alegada prática 260 crimes de abuso sexual de dois alunos (130 por cada uma das vítimas), de 2010 a 2013, período durante o qual foi professor de educação física e leccionou aulas de apoio de outras disciplinas a alunos com necessidades educativas especiais, numa escola de Lisboa. Entre 2009 e 2013, é suspeito de abusar sexualmente de um sobrinho que, à data do início dos factos, tinha oito anos.

Segundo a acusação, em 2012, enquanto treinador de escalões jovens de um clube de futebol de Lisboa, o arguido convenceu os pais de um menor a deixá-lo pernoitar, nas vésperas dos jogos, em sua casa, além de o levar consigo para Marco de Canaveses, numa viagem à Madeira, e a passar uma semana num hotel de Lisboa. Estão em causa 100 crimes de abuso sexual de crianças.

O homem iniciou funções como docente de um centro de reabilitação, no Funchal, na ilha da Madeira, em 2013. Neste âmbito, é acusado de 30 crimes cometidos sobre um menor que frequentava a instituição.

O arguido encontra-se em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional do Porto.

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