Caixa negra dá um registo áudio, mas nenhum avanço

As razões da queda do Airbus em França continuam envoltas em mistério. Análise ao registo áudio da caixa negra poderá durar dias.

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A análise à caixa negra que regista os sons do cockpit poderá durar dias BEA

Os investigadores que têm a cargo a análise a uma de duas caixas negras do Airbus que se despenhou nos Alpes anunciaram nesta quarta-feira ter conseguido extrair um ficheiro de áudio “utilizável”, mas dizem que poderá demorar dias até poder esclarecer detalhes sobre o que é dito nesse registo, quem está presente ou em que momento do voo foi gravado.

Não foram dadas mais explicações sobre o registo encontrado na caixa negra onde fica gravado o que sucede no cockpit do avião, mas o director da agência de segurança aérea comercial francesa (BEA) diz estar “convencido” de que este será útil para as investigações.

Este foi o maior avanço produzido ao longo de quarta-feira pelas investigações à queda da aeronave da Germanwings. Na conferência de imprensa dada por Remi Jouty também se ficou a saber que a aeronave fez uma última transmissão de rotina, confirmando a sua trajectória, apenas um minuto antes de começar a perder altitude abruptamente, a uma média de 1000 metros por minuto.

Uma das principais dúvidas em torno do acidente recai sobre o facto de os pilotos não terem comunicado nenhum problema até à colisão. Remi Jouty não avançou nenhuma explicação para isto, nem comentou as várias teorias que têm surgido para explicar este silêncio.

Ao contrário do que foi noticiado ao longo do dia, Jouty afirmou que não foi ainda encontrada a segunda caixa negra. Esta segunda caixa contém informações técnicas de voo, como por exemplo os registos de velocidade, altitude e direcção da aeronave. Algumas notícias apontavam para que esta caixa tivesse sido encontrada, embora danificada e sem o crucial chip de memória. Mas o director do BEA foi peremptório: “Não localizámos a [segunda] caixa negra nem encontrámos destroços dispersos.” 

De resto, Jouty manteve os dados essenciais lançados na terça-feira. O pequeno tamanho dos destroços sugere que o avião não explodiu em voo, diz a BEA, que confirma também que a última altitude registada foi de cerca de 1,8 quilómetros, praticamente a altura a que embateu nas montanhas. Confirmada foi também a duração da queda. Desde que o avião começou a perder altitude até ao momento do impacto passaram-se 10 minutos sem que durante esse tempo se tenha registado qualquer desvio na rota. 

O CEO da Lufthansa, a empresa que detém a operadora low-cost Germanwings, assegurou nesta quarta-feira que o avião estava “tecnicamente irrepreensível” e que, para a operadora alemã, o desastre é ainda “inexplicável”.  

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