José Manuel Coelho ameaça romper Coligação Mudança após eleições

Lider do PTP Madeira, que integra a aliança pré-eleitoral liderada pelo PS, ameaça formar grupo parlamentar se os socialistas não se portarem bem.

Foto
José Manuel Coelho Rui Gaudêncio

A campanha eleitoral para as legislativas regionais antecipadas na Madeira começa a transformar-se num campo experimental para as eleições nacionais, sobretudo nos partidos de formação mais recente. Há testes no terreno.

Se o PSD Madeira obtiver a maioria absoluta, o caso fica arrumado. Miguel Albuquerque assumiu estar aberto a acordos se não atingir o objectivo, mas sem nunca referir preferências, apesar do insistente namoro do CDS e de um alegado desejo do JPP (Juntos pelo Povo).

Mas neste cadinho entra a Coligação Mudança, liderada pelo PS, que também ainda não definiu com quem faria coligações numa hipótese de vitória.

A decisão de o PS Madeira convidar para a coligação o PAN, o MPT mas, sobretudo, o PTP levanta agora outras interrogações. O Partido Trabalhista Português a nivel nacional acabou de assinar um compromisso de coligação que terá o nome "Ag!r" por convite de Joana Amaral Dias. Na Madeira, quem representa o PTP é o mediático José Manuel Coelho, candidato às ultimas presidenciais e que conquistou três lugares no parlamento regional nas eleições de 2011, integrando agora a coligação Mudança liderada pelo socialista Victor Freitas.

Em declarações ao PÚBLICO, José Manuel Coelho mostra-se satisfeito pela escolha da ex-deputada do BE. “Aquele grupo do Ag!r é composto por nomes que vêm da pequena burguesia urbana mas que discordam da política do grande capital. Eles não são verdadeiramente revolucionários porque se o fossem estavam no PCP. São pessoas que têm de ser enquadradas....e acho bem que venham para junto de nós”, disse.

Por enquanto, deixa nas mãos do congresso partidário a decisão de ser cabeça de lista do “AG!R” às legislativas nacionais. “Tenho dito a eles (dirigentes nacionais) que o PTP sozinho no continente tem dificuldade em viver. Sugeri aos camaradas do partido que agregassem estas forças dissidentes do BE, franjas importantes de cidadãos anti-fascistas, anti-capitalistas, como a Joana Amaral Dias e o movimento onde está inserida”, reiterou.

Questionado sobre se a relação com o PS Madeira poderá deteriorar-se, Coelho respondeu sem pejo: “Não têm de ficar chateados. Eles têm é que ganhar o apoio da esquerda. Caso contrário serão derrotados. A direita chegou ao poder porque o PS deixou de ser socialista, fizeram cedências à direita e o povo em vez de escolher a cópia preferiu o original”.

Então como se compreende a adesão do PTP na Madeira à Coligação comandada pelo PS? “O objectivo do PTP é vencer o PSD e não podemos deixar o PS de fora. Mas sabemos que o PS é um partido que faz cedências ao capital. Nós estamos na coligação para impedir que isso aconteça, não deixar que os socialistas resvalem para a direita”, responde Coelho.

Nesta Coligação, o PTP Madeira tem a hipótese de eleger três deputados, “esses estão garantidos mesmo que o resultado seja mau”. Mas - há um mas: “A partir do momento em que nos deixarmos de rever [nas políticas] formamos o nosso grupo parlamentar...se eles não se comportarem bem passamos logo a ser oposição. Mais nada. Disso não tenha dúvida nenhuma”.

O lider regional do PTP critica o PS Madeira, com quem integra a coligação Mudança, por inicialmente “terem tentado esconder-me das fotografias”, mas diz que isso já foi ultrapassado. “É o tal problema da burguesia no PS... Neste momento, já tenho a cara nos cartazes mas no princípio não queriam. A minha luta passa pela reeducação dos camaradas porque, para serem verdadeiros socialistas não podem cair na discriminação e no preconceito”, sublinhou.

E assim vai a campanha na Madeira. Embora os partidos digam todos praticamente o mesmo, as formações políticas mais pequenas preferem apostar em questões mais concretas.

O cabeça de lista da Plataforma dos Cidadãos às eleições madeirenses, Miguel Fonseca, disse esta segunda-feira, por exemplo, que as câmaras do PS, PSD, CDS e JPP não praticam a redução da taxa do IMI em função do número de filhos. Daí a acção de campanha mobilizar-se junto às Finanças do concelho de Santa Cruz, presidido pelo líder da JPP, que na altura se candidatou à autarquia como movimento de cidadãos com apoio do PS, BE, CDS, PTP e MPT, mas que agora se apresenta às regionais como partido, sendo um adversário a considerar.

Por seu lado, o cabeça de lista da Nova Democracia (PND), Gil Canha, anunciou  que o partido irá dedicar a última semana de campanha eleitoral a desmascarar a "imaculabilidade" do candidato do PSD, Miguel Albuquerque. "Ao contrário daquilo que as pessoas pensam, Miguel Albuquerque fez sempre parte do regime, dos cenários que foram montados nas inaugurações e de todo aquele ambiente hostil que era alimentado pelo PSD Madeira da altura para afastar, de uma forma batoteira, os seus adversários políticos".

Sugerir correcção
Ler 1 comentários