Estado Islâmico queima 45 pessoas na cidade iraquiana de Baghdadi

A cidade da província ocidental de Anbar foi conquistada na semana passada. Há meses que o EI não conseguia aumentar o seu território.

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A base aérea Ain al-Asad em Novembro de 2014, após uma palestra sobre tácticas de combate AHMAD AL-RUBAYE/AFP

Jihadistas do auto-proclamado Estado Islâmico queimaram até à morte 45 iraquianos da cidade de Baghdadi (na província iraquiana de Anbar), que foi conquistada pelo grupo radical na semana passada.

O coronel Qasim al-Obeidi, do exército iraquiano, disse à BBC que as vítimas devem ser membros das forças de segurança capturados durante a tomada da cidade. O coronel adiantou que os jihadistas estão a atacar o complexo residencial dos militares e das suas famílias e pediu ao Governo de Bagdad e à "comunidade internacional" para enviar auxílio.

A BBC sublinha que não lhe foi possível confirmar, através de fontes independentes, esta notícia. Porém, no início do mês, o Estado Islâmico publicou um vídeo em que se vê um piloto da força aérea da Jordânia a ser queimado vivo.

A cidade de Baghdadi  foi conquistada na quinta-feira da semana passada, sendo que era a última da província ocidental de Anbar que ainda estava nas mãos do exército iraquiano.

Um dia depois, o EI atacou uma base militar iraquiana, Ain al-Asad, a escassos 12 quilómetros da cidade e local onde estão estacionados centenas de militares americanos. Os atacantes foram mortos pelas tropas americanas e iraquianas.

Já Baghdadi caiu e a sua conquista conquista de foi o primeiro avanço do Estado Islâmico no terreno em muitos meses e veio provar, explicaram os analistas, que o exército iraquiano não está preparado para enfrentar os combatentes jihadistas no terreno — treiná-los e fazer aconselhamento estratégicos é a missão do contingente americano em Ain al-Asad, constituído sobretudo por marines. 

O ataque à base Ain al-Asad, na zona ocidental de Anbar, província fronteiriça com a Síria, foi confirmado pelo porta-voz do Pentágono, o almirante John Kirby, que disse que oito militantes do EI morreram no contra-ataque.

Kirby disse que na operação contra o EI foram usados aviões da coligação que combate os jihadistas no Iraque e na Síria, onde dominam um vasto território e onde auto-proclamaram um califado. 

Os aviões não foram, no entanto, usados para repelir o ataque a  Baghdadi, cuja conquista foi uma vitória para o EI, que há meses não avançava no terreno, praticamente desde que a coligação internacional deu início aos bombardeamentos contra as suas posições.

Esta investida deve ser colocada em perspectiva, disse o porta-voz do Pentágono. Não explicou o que queria dizer com estas palavras, mas os comentadores americanos que ligaram os dois ataques — à base e à cidade — questionaram se a opção de combater o EI sem recorrer a tropas no terreno é a opção mais acertada. Os aviões, disseram, citados pela BBC, não são o método adequado quando se trata de defender cidades, devido ao risco de morrerem muitos civis. E não bastarão quando se entrar na fase de reconquistar terreno em zonas densamente povoadas. 

O envio de tropas americanas já foi rejeitado pelo Presidente  Barack Obama, que espera uma iniciativa regional nesse sentido. Mas os países que poderiam enviar tropas também não se comprometem porque, antes do mais, uma acção militar teria que ser sustentada pelo exército iraquiano, que não tem capacidade para o fazer.  

O jornal The New York Times relatava ontem que os militares iraquianos e americanos já debateram a possibilidade de se avançar com uma ofensiva terreste para reconquistar a cidade de Mosul, a segunda maior do Iraque, mas que de ambos os lados se chegou à conclusão de que as forças iraquianas não estão à altura de uma operação deste tipo.

  


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