Maioria e PS afastam reintegração do Alfeite na Marinha

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Os partidos da direita e o PS deram esta quarta-feira a entender que não vão apoiar as propostas de reintegração da empresa pública Arsenal do Alfeite na estrutura da Marinha. PCP e BE defenderam no plenário os seus projectos de reversão da solução, criada em 2009, para os estaleiros responsáveis pela reparação e manutenção dos navios da Marinha.

Foi com manifestações optimistas em relação ao futuro que essa rejeição foi pela pelos deputados do PSD e CDS. O centrista João Rebelo afirmou mesmo, durante o debate, que “os números de 2014 [dos resultados operacionais] do Arsenal serão substancialmente melhores” do que os anos anteriores.

Nos últimos dois anos, a empresa acumulou um prejuízo de cerca de cinco milhões de euros por ano. Por seu turno, o social-democrata Bruno Vitorino lembrou a prevista “adaptação das lanchas adquiridas [pelo Estado português para equipar a Marinha] à Marinha dinamarquesa” para assegurar que a actividade industrial iria prosseguir nos próximos meses em Almada. Ambos os deputados destacaram ainda os contactos comerciais que permitiram que ali se fizessem algumas reparações de navios de guerra marroquinos.

Vitorino haveria de acusar o BE e PCP de “preconceito ideológico” devido às críticas feitas ao Governo por ter encomendado um estudo ao ex-ministro socialista Augusto Mateus sobre o futuro da empresa. João Rebelo disse ainda que a reintegração “não resolve o problema” do Alfeite.

Também o socialista classificou as propostas como o “caminho do retrocesso”. Mas acusou o Governo de nada fazer nos últimos três anos para assegurar a sustentabilidade dos estaleiros. “Se o Governo não intervir, o Alfeite caminha inevitavelmente para a sua destruição”, disse. E lembrou que em 2009 e 2010 houve “resultados positivos”. 

O comunista Bruno Dias classificou a conduta do actual Governo como uma “verdadeira política de traição nacional”. Criticou a “desertificação” dos trabalhadores especializados, “mandados embora” às centenas e que tinha tido como resultado a perda de competências essenciais à Marinha. “E os tais submarinos lá foram para a Alemanha fazer a sua manutenção”, acusou o deputado. Pelo meio, criticou a passagem a Sociedade Anónima, decidida pelo PS, por não ter feito nada do que havia “prometido”.

Também Mariana Aiveca criticou essa mudança e acusou o Governo de carregar no “desmantelar da capacidade produtiva do Alfeite”.

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