Declaração homofóbica agita campanha brasileira

Levy Fidelix alvo de críticas nas redes sociais e dos principais candidatos.

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Levy Fidelix foi o autor da polémica declaração DR

“Dois iguais não fazem filho. Me desculpe, mas aparelho excretor não reproduz. Tem candidato que não assume isso com medo de perder voto.” Foi esta declaração de Levy Fidelix, candidato da extrema-direita às eleições presidenciais do Brasil, que agitou a campanha eleitoral nesta seguda-feira, gerando um coro de protestos nas redes sociais e levando a que os principais candidatos, com atraso, se distanciassem da declaração homofóbica.

Levy Fidelix, a quem as sondagens dão menos do que 1% das intenções de voto, fez as polémicas declarações no domingo, durante um debate televisivo, sugerindo que os homossexuais “recebam ajuda psicológica”. “O Brasil tem 200 milhões de habitantes. Você já pensou se a moda pega? Daqui a pouquinho vai reduzir pra 100 milhões. Vai para a (Avenida) Paulista e anda lá um pouquinho. É feio o negócio. Essas pessoas que têm esses problemas que sejam atendidas por ajuda psicológica. E bem longe da gente, porque aqui não dá.”

Assim que as declarações foram proferidas, começou a reacção nas redes sociais. No Twitter, foi criada a hashtag #LevyVocêÉNojento, que, segundo a AFP, teve 15 mil menções em poucas horas.

E no Facebook foi já criado o evento “Beijaço Gay”, marcando um encontro para terça-feira na principal avenida de São Paulo.

O casamento gay e a despenalização do aborto são dois dos temas mais polémicas no Brasil, o maior país católico do mundo e onde os evangélicos têm igualmente um peso importante.

Os principais candidatos demoraram algum tempo a reagir às declarações homofóbicas de Levy Fidelix, mas acabaram por se demarcar, alegando que não o fizeram de imediato, por causa das regras do debate televisivo.

“O meu governo e eu, pessoalmente, sou contra a homofobia e acho que o Brasil atingiu um patamar de civilidade que nós, a sociedade brasileira e o governo, não podemos conviver com processos de discriminação que levem à violência”, disse Dilma Rouseff, actual Presidente e candidata do Partido dos Trabalhadores, citada pelo jornal O Globo.

Marina Silva, evangélica e cabeça de lista da coligação liderada pelo Partido Socialista Brasileiro, também condenou: “A declaração dele foi inaceitável do ponto de vista da completa intolerância com a diversidade social e cultural que caracteriza o nosso país.”

E Aécio Neves, candidato do Partido da Social Democracia Brasileira, falou de uma declaração “sem sentido e equivocada”: “Quero expressar nosso repúdio absoluto àquela declaração. Como já disse, qualquer tipo de discriminação é crime. Homofobia também.”

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