Ordem e Hospital do Algarve temem que vagas para 102 médicos fiquem por preencher

Ministério da Saúde anunciou mais um concurso. Presidente do Centro Hospitalar do Algarve e Ordem dos Médicos temem que a região não atraia profissionais suficientes para as vagas.

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Desde o início do ano, segundo a tutela, foram contratados 18 especialistas DR

Tanto a Ordem dos Médicos como o presidente do Centro Hospitalar do Algarve temem que o concurso com 102 vagas para médicos que o Ministério da Saúde vai abrir para aquela unidade fique por preencher. Isto porque, segundo o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Jaime Teixeira Mendes, “os concursos não criam condições para fixar os médicos na região, não dão qualquer incentivo” e acabam por não existir candidatos suficientes. Um problema também identificado pelo administrador Pedro Nunes, que diz que é preciso “esperar para ver quantas dessas vagas vão ser preenchidas”.

O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira que vai publicar nos próximos dias um concurso para 102 vagas de várias especialidades médicas, todas destinadas ao Centro Hospitalar do Algarve (CHA) – que nos últimos meses tem dado conta de vários constrangimentos tanto em termos de recursos humanos como materiais. As vagas vão ser distribuídas por um total de 29 especialidades e, de acordo com a tutela, estes profissionais vão juntar-se aos 12 médicos especialistas, 51 enfermeiros, sete técnicos de diagnóstico e terapêutica e 105 internos contratados desde o início de 2014.

“Durante 2013 tinham sido já contratados pelo CHA 18 médicos especialistas e ingressaram então 98 médicos internos”, diz ainda o comunicado do ministério de Paulo Macedo, que promete também abrir um concurso no último trimestre do ano para os médicos especialistas que nessa altura já tenham o internato concluído.

Contactado pelo PÚBLICO, o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos assume que “as vagas anunciadas seriam suficientes para satisfazer as necessidades imediatas do Algarve”. O problema, prossegue Jaime Teixeira Mendes, é que “não se encontra a repercussão desses concursos no terreno”, garantindo que a carência é de tal forma que “a partir de 18 de Julho não há profissionais suficientes para fazer as escalas de urgências” nos hospitais da região.

O responsável da Ordem dos Médicos insiste que muitos dos concursos abertos não reúnem candidatos, acrescentando que “é necessário que o Ministério da Saúde crie incentivos para as pessoas quererem trabalhar no Algarve e que sejam implementadas as carreiras médicas”. Jaime Teixeira Mendes diz que muitos dos concursos abertos para médicos apenas têm como consequência “uma medalha de cortiça” que não chega para uma classe que perdeu “20% do seu rendimento nos últimos anos”.

Já o presidente do CHA confirmou que “nos últimos dias” foram contratados os profissionais a que o ministério se refere e congratulou-se com a abertura de mais vagas para médicos, considerando que “o esforço feito pela tutela e pelo centro hospitalar” são uma “muito boa notícia para a região". Porém, Pedro Nunes, em declarações à Lusa, frisou que falta “esperar para ver quantas dessas vagas vão ser preenchidas”, justificando que há concursos que são abertos sem que haja essa ocupação. “Se as vagas forem abertas em simultâneo com outros hospitais, podem não ser preenchidas, como tem acontecido nos últimos anos”, alertou, pedindo uma “discriminação positiva” para a região ser capaz de atrair mais profissionais de saúde.

Na terça-feira, a Administração Central do Sistema de Saúde já tinha feito saber que, desde o início do ano, a Secretaria de Estado do Tesouro autorizou a contratação directa de 610 profissionais de saúde com o objectivo de “colmatar a carência de pessoal sentida em várias instituições do Serviço Nacional de Saúde”. Os dados indicam que os hospitais com maior número de autorizações são precisamente o do Algarve, mas também São João, no Porto, Lisboa Central e Cova da Beira.

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