Injecção letal volta a ser usada nos EUA após execução falhada em Abril

Dois condenados executados, com intervalo de duas horas, nos estados da Geórgia e do Missouri.

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Desde o início do ano, foram executados 22 condenados à morte nos EUA Reuters

Dois estados norte-americanos realizaram as duas primeiras execuções desde a lenta e agonizante morte de um condenado no Oklahoma, no final de Abril, um caso que relançou o debate sobre a pena capital e a forma como é executada nos Estados Unidos.

Nas últimas sete semanas foram adiadas nove execuções em vários estados, mas a engrenagem do sistema penitencial foi de novo posto em marcha na terça-feira. Pouco antes da meia-noite (5h em Portugal continental), Marcus Wellons, condenado pela violação e homicídio de uma adolescente, foi executado com injecção letal na prisão de Jackson, na Geórgia. Menos de duas horas depois, John Winfield, autor confesso da morte da irmão e de uma amiga da ex-namorada, foi declarado morto na prisão de Bonne Terre, no estado do Missouri.

Caso não haja decisões de última hora, uma terceira execução está marcada para a noite desta quarta-feira na Florida – John Henry, também ele negro, foi condenado à pena capital pela morte da mulher.

Richard Dieter, director do Centro de Informação sobre a Pena Capital, lamentou que os estados não tenham esperado pelas conclusões do inquérito ordenado à “execução desastrosa” de Clayton Lockett, a 29 de Abril. “Realizar estas execuções é precipitado uma vez que não temos ainda certeza sobre o que correu mal em Oklahoma e como devemos impedi-lo”, disse o activista à AFP.

Lockett condenado pelo assassínio de uma rapariga de 19 anos que sequestrou, alvejou e enterrou ainda viva morreu de ataque cardíaco, 43 minutos depois de ter recebido a injecção letal. A execução foi parada quando era já claro que algo tinha corrido mal e o detido, ao invés de inconsciente, estava a agonizar. Uma investigação preliminar revela que o cateter usado perfurou a veia femoral e para as drogas letais não entraram na corrente sanguínea.

O Oklahoma suspendeu indefinidamente as execuções até à conclusão do inquérito e o Presidente norte-americano, Barack Obama, que não esconde as suas reticências sobre a pena de morte, ordenou a revisão dos programas de execuções nos estados que a aplicam.

A Geórgia e o Missouri, à semelhança do Oklahoma, têm leis que permitem às autoridades manter sob sigilo total a aplicação da injecção letal, tanto o nome dos médicos e técnicos que a aplicam, como a identidade dos fabricantes e fornecedores das drogas letais. E desde que os sedativos que eram usados nas execuções deixaram de estar disponíveis no mercado, muitos têm recorrido a novos compostos, alguns sem homologação federal.

Tal como Lockett, as defesas de Wellons e Winfield recorreram aos tribunais para exigir conhecer a composição do cocktail letal e a qualificação dos técnicos que o iriam aplicar, mas os pedidos foram rejeitados pelos tribunais federais, libertando os últimos entraves às execuções e às expectativas dos activistas contra a pena de morte.

Desde o início do ano, 22 condenados à morte foram executados nos EUA.

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