Aldeia de Matajudíos vota para mudar de nome no domingo

Pequena localidade da província de Burgos quer apagar a memória dos "tempos sinistros" em que se matava por causa da religião.

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População vota mudança de nome da aldeia no domingo REUTERS/Ricardo Ordonez

A pequena localidade de Castrillo de Matajudíos, na província espanhola de Burgos, quer aproveitar a eleição para o Parlamento Europeu de domingo para votar em referendo a mudança do nome da aldeia, apagando da onomástica oficial a referência “aos tempos sinistros em que uns espanhóis matavam outros por causa da sua religião”.

Em vez de Matajudíos, a aldeia poderá regressar à sua designação original de Castrillo Mota de Judíos: há escritos que atribuem a mudança de nome a um erro de um escrivão em documentos oficiais e outros que garantem que a alteração foi decidida no final do século XV, quando os judeus foram expulsos do território que agora é Espanha.

Essa é a explicação do arqueólogo Ángel Palomino, que dirigiu as escavações e estudos realizados na antiga judiaria de Castrillo, que foram apresentados à população para que conhecesse as suas raízes.

Em 2009, as autoridades locais começaram a ponderar a alteração do nome da aldeia, que tem pouco mais de 60 habitantes. Justificando a consulta popular, o alcaide, Lorenzo Rodríguez Pérez, lembra que o nome é ofensivo para muita gente e já causou dissabores a muitos dos habitantes da terra, quando viajam pelo mundo.

Além do mais, nota, a conotação com a morte de judeus perpetua uma injustiça histórica: os primeiros moradores da aldeia foram precisamente judeus banidos da aldeia de Castrojeriz: o seu refúgio de Mota de Judíos (a colina dos judeus) foi destruído em 1035 pelos vizinhos.

O desfecho da votação é tudo menos previsível. “A decisão da maioria será respeitada, nem que seja só por um voto”, garantiu Rodríguez Pérez ao Diário de Burgos.

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