Comandante do ferry sul-coreano pode ser condenado a prisão perpétua

Lee Joon-seok e outros três membros da tripulação foram acusados de homicídio involuntário pelo Ministério Público. Os quatro fugiram do navio depois de terem ordenado aos passageiros que ficassem nos seus lugares.

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No naufrágio morreram pelo menos 281 pessoas, a maioria alunos de uma escola secundária Issei Kato/Reuters
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O comandante e três membros da tripulação do ferry que naufragou no mês passado na Coreia do Sul vão ser julgados por homicídio involuntário. Os quatro são acusados pelo Ministério Público de terem abandonado o navio sem terem sequer tentado salvar os 476 passageiros, a maioria alunos de uma escola secundária.

A acusação considera que o comandante Lee Joon-seok, de 68 anos, fugiu do ferry Sewol depois de ter dado ordens aos passageiros para permanecerem nos seus lugares, avança nesta quinta-feira a agência sul-coreana Yonhap. O comportamento do comandante foi denunciado desde o primeiro momento por muitos dos sobreviventes.

Para além do comandante, o Ministério Público pede também uma pena por homicídio involuntário para o engenheiro chefe e para os primeiro e segundo oficiais do ferry.

Os quatros responsáveis agora acusados formalmente foram dos primeiros a serem salvos pela Guarda Costeira da Coreia do Sul. Se forem considerados culpados, poderão ser condenados a prisão perpétua.

Para além destas acusações, outros 11 tripulantes do ferry foram acusados de negligência e de violação da legislação de resgate marítimo, por terem também deixado para trás os passageiros e muitos dos seus colegas.

As autoridades sul-coreanas já tinham detido o responsável da empresa Chonghaejin Marine Co., dona do ferry Sewol. Kim Han-sik foi acusado de permitir que o navio transportasse carga a mais ferry viajava com o triplo do peso permitido , um factor que terá contribuído para o naufrágio. Foram também ilegalmente instaladas várias cabinas em 2012, o que poderá ter destabilizado o equilíbrio do navio.

Poucos dias depois do naufrágio, a Presidente do país, Park Geun-hye, acusou o comandante e outros tripulantes de se terem comportado como assassinos.

"O comportamento foi totalmente incompreensível, inaceitável e equivalente a assassínio", disse a Presidente após uma reunião com o Governo, no dia 21 de Abril. Park disse ainda que os culpados devem ser responsabilizados "civil e criminalmente" e garantiu que todos os envolvidos no desastre — proprietários, inspectores, comandante e restante tripulação — seriam alvos de uma investigação.

Uma semana depois, no final de Abril, Park Geun-hy assumiu responsabilidades políticas e pediu desculpas públicas pelo acidente.

"Peço desculpa pelo meu fracasso em evitar o acidente. Qualquer resposta que eu dê será sempre insuficiente", disse a chefe de Estado sul-coreana. "Peço desculpas ao povo sul-coreano por terem sido perdidas tantas vidas", afirmou.

Também no final do mês passado, a 27 de Abril, o primeiro-ministro da Coreia do Sul foi mais longe na assunção de responsabilidades políticas e apresentou a sua demissão.

Jung Hong-won assumiu a responsabilidade pela resposta inicial das autoridades ao naufrágio do ferry Sewol e pediu desculpa por ter sido "incapaz de evitar o acidente e de gerir os acontecimentos correctamente".

O ferry Sewol naufragou no dia 16 de Abril ao largo da costa Sudoeste da Coreia do Sul, numa viagem que deveria demorar mais de 13 horas, entre a cidade de Incheon, nas proximidades de Seul, e a ilha Jeju.

Dos 476 passageiros, apenas 172 sobreviveram — as equipas de socorro resgataram os corpos de 281 pessoas e 23 continuam desaparecidas.

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