Nova fase das buscas ao voo MH370 vai demorar pelo menos oito meses

“Ainda estamos perplexos por não termos encontrado destroços a partir” das transmissões sonoras capturadas no início de Abril, diz o primeiro-ministro australiano.

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Um avião chinês de regresso ao aeroporto de Perth Richard Wainwright/AFP

Já ninguém espera encontrar destroços do Boeing 777 da Malaysia Airlines a flutuar à superfície do oceano, admite o primeiro-ministro da Austrália, país que lidera as buscas internacionais ao avião que desapareceu a 8 de Março com 239 pessoas a bordo quando voava de Kuala Lumpur para Pequim. As buscas vão continuar, mas concentradas agora no recurso a sofisticados aparelhos submarinos equipados de sensores capazes de explorar o fundo do mar.

“Vamos fazer tudo o que for humanamente possível, tudo o que pudermos, para resolver este mistério”, afirmou Tony Abbott, em declarações a jornalistas em Camberra. “É muito improvável nesta fase que encontremos qualquer destroço do avião à superfície”, explicara antes. Mais de 50 dias depois do desaparecimento do voo Mh370, “a maioria dos componentes [do avião] inundados de água tem de se ter afundado”.

A ideia não é diminuir os esforços para encontrar o avião. Antes pelo contrário: as buscas submarinas vão ser intensificadas e a sua área alargada, “se necessário ao conjunto da zona estimada de impacto, o que significa perto de 700 quilómetros por 80”.

Dezenas de navios, aviões e aparelhos subaquáticos não tripulados pertencentes às forças militares de vários países (principalmente Malásia, China, Japão, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Reino Unido e Estados Unidos, para além da Austrália) estiveram até agora envolvidos nesta operação.

Os aviões que partem diariamente de Perth, a cidade australiana mais próxima da zona (mas ainda assim a uma distância entre os 1500 e os 2000 quilómetros) onde se calcula que o avião se tenha despenhado, “operam no limite” das condições de segurança, com rotações longas, muitas vezes realizadas a baixa altitude e em condições meteorológicas difíceis, descreveu o chefe do Governo australiano.

O MH370 desapareceu dos radares menos de uma hora depois de ter levantado da capital malaia. A partir da análise dos dados recolhidos por vários satélites, sabe-se que mudou abruptamente de rota até se despenhar, algures no Sul do oceano Índico – de acordo com o inquérito criminal liderado pela Malásia, o avião foi desviado de forma intencional, embora não esteja completamente posta de parte a hipótese de que os planos de voo tenham começado a mudar por causa de um problema mecânico.

Ao todo, nos 52 dias desde que o avião desapareceu, as buscas lideradas pela Austrália exploraram mais de 4,5 milhões de quilómetros quadrados de superfície oceânica.

Depois de uma série de avistamentos de objectos que nunca se confirmaram pertencer ao Boeing da Malaysia Airlines, e quando as baterias dos localizadores das caixas negras estariam prestes a esgotar-se (duram, em princípio, 30 dias, embora possam funcionar durante mais algum tempo), um sonar acoplado a um navio da Marinha australiana captou quatro transmissões que poderiam pertencer às caixas negras.

Foi então que começaram a ser usados robôs submarinos, enquanto prosseguiam as buscas à superfície. O Bluefin-21, um robô subaquático equipado com um sonar que detecta objectos no fundo do mar e distingue os que são feitos pelo homem, já sondou 400 quilómetros quadrados em redor da área onde foram captados esses sinais acústicos, sem quaisquer resultados.

Este robô, fabricado por uma empresa norte-americana para a Marinha dos Estados Unidos, vai continuar as suas missões, mas a Austrália estuda agora recorrer directamente a empresas privadas para reforçar as operações de busca.

A zona onde se calcula que o avião tenha caído é um dos locais mais remotos do mundo e com águas muito profundas. Com base nas transmissões sonoras captadas no início do mês, a área de operações tinha sido consideravelmente diminuída. “Ainda estamos perplexos e desiludidos por não termos sido capazes de encontrar destroços no fundo do mar a partir dessas detecções”, diz agora Abbott.

A Austrália vai pedir contribuições a outros países para fazer face aos custos, estimados em 40 milhões de euros. O Presidente norte-americano, Barack Obama, que está a acabar um périplo pela Ásia, garantiu em Kuala Lumpur que os EUA vão colocar “todos os meios e recursos que puderem” à disposição.

Segundo Abbott, as buscas que agora terão início, numa área de operações de novo alargada, podem prolongar-se por seis a oito meses até que a zona seja completamente coberta. Angus Houston, marechal da Força Aérea na reforma que lidera o centro que coordena as buscas, diz que estes novos esforços podem durar mais de oito meses, dependendo das condições climáticas.

 

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