Guerra na Síria já matou mais de 130 mil pessoas

Último balanço do Observatório Sírio dos Direitos Humanos revelado no fim de um ano que foi de tragédia para o país.

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Mais de um terço dos mortos são civis Stephen j. Boitano/AFP

A terminar o ano, um novo balanço da guerra que, em 2013, superou as piores previsões: segundo o Observatório Sírios dos Direitos Humanos, 130 mil pessoas morreram desde o início da revolta contra o regime do Presidente Bashar al-Assad, em Março de 2011.

A organização, sediada em Londres e que recolhe informações de activistas no terreno, supera em dez mil mortos as últimas estatísticas das Nações Unidas que, em Setembro, diziam ter registo de 120 mil mortos desde o início do conflito.

O balanço divulgado nesta terça-feira adianta que pelo menos 46.266 civis morreram em consequência dos combates, entre eles mais de sete mil crianças e 4600 mulheres. Os números são mais conservadores do que uma estimativa feita pela ONG britânica Oxford Research Group, que em Novembro calculava que mais de 11 mil crianças foram mortas na Síria, vítimas de bombardeamentos mas também de execuções sumárias.

O balanço incluiu ainda cerca de 52 mil mortos entre as forças pró-governamentais — Exército regular, mas também milícias e combatentes xiitas vindos dos países vizinhos, incluindo 262 paramilitares do Hezbollah libanês. Do lado dos rebeldes, contam-se mais de 29 mil mortos, incluindo cerca de sete mil combatentes estrangeiros.

O Observatório sublinha que o número de mortos entre as partes em conflito deverá ser superior — o blackout do Exército e rebeldes sobre as suas baixas impossibilita números mais fidedignos, diz. Acrescenta ainda que, além dos mortos, mais de 17 mil pessoas estarão detidas nas prisões do regime, enquanto cerca de seis mil soldados e milicianos pró-Assad terão sido capturados pelos rebeldes.

Os últimos números do Alto Comissariado das Nações Unidas (ANCUR) revelam que 2,3 milhões de sírios, metade dos quais crianças, foram obrigados a fugir do país. Partiram sobretudo para o Líbano, Jordânia e Turquia, mas milhares tentaram também chegar à Europa, muitas vezes arriscando (e perdendo) a vida na travessia do Mediterrâneo. A estes juntam-se mais de quatro milhões que estão deslocados em território sírio, naquela que já foi declarada a pior catástrofe humanitária em décadas. Para os ajudar, as Nações Unidas lançaram em Dezembro um pedido de financiamento sem precedentes, esperando recolher 6500 milhões de dólares.

Armas químicas ainda não foram retiradas
2013 foi também o ano em que foram usadas armas químicas na Síria — um relatório recente da ONU confirma pelo menos cinco ataques, incluindo o que a 21 de Agosto matou centenas de pessoas nos subúrbios de Damasco, mesmo sem atribuir responsabilidades. Depois da ameaça de um ataque punitivo feito pelos EUA, Assad aceitou um acordo negociado entre Washington e Moscovo para a destruição do seu arsenal.

Os componentes mais perigosos do arsenal sírio deveriam ser retirados do país até esta terça-feira, mas a Organização para a Proibição das Armas Químicas já revelou que Damasco não conseguirá cumprir o prazo. Na origem do atraso está o mau tempo que se tem feito sentir nos últimos dias (os químicos vão ser transportados por mar até um navio americano onde vão ser destruídos), problemas burocráticos e questões de segurança (o transporte do arsenal até à costa tem de ser feito por estradas que atravessam zonas em conflito).

Nos últimos meses, assistiu-se ainda a combates que opuseram o Exército Livre da Síria a grupos jihadistas, alguns com ligações à Al-Qaeda, em lutas que ajudaram Assad a recuperar alguns pontos estratégicos na região de Damasco e na fronteira com o Líbano.

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