A "Euro-chanceler" ou a Thatcher alemã à "procura de companheiro"

A vitória da Angela Merkel e uma futura coligação abrem a secção de internacional na imprensa e nos sites noticiosos.

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Merkel foi reeleita com 41,5% dos votos ODD ANDERSEN/AFP

A vitória de Angela Merkel nas eleições alemãs este domingo foi registada por toda a imprensa europeia. O próximo passo a dar pela chanceler, escolher o seu futuro parceiro de coligação para conseguir uma maoria absoluta no Parlamento, é também tema de análise.

Na Alemanha, o Handelsblatt, jornal económico, ilustra a sua edição com uma moeda de um euro com Merkel numa das faces. Com o título “A Euro-chanceler”, o jornal sublinha que o seu trabalho para “salvar a moeda única foi homenageado com resultados recordes” nas eleições.

O diário conservador Die Welt diz que “Merkel venceu sem o seu partido”. “Se ela agrada tanto aos alemães é porque faz o seu trabalho discretamente, aparentemente sem nenhum narcisismo e não incomoda nem perturba os cidadãos”, escreve o jornal.

O Bild sublinha, por sua vez, a “vitória fenomenal da mulher em quem a maioria dos alemães tem confiança”, mas lembra que Merkel tem agora que formar uma coligação já que não conseguiu uma maioria absoluta nas eleições (partido da chanceler obteve 41,5% dos votos). Resta agora saber se Merkel se unirá ao SPD, que obteve uma subida de 2,7 pontos percentuais, ou com os Verdes, que desceram 2,3 pontos percentuais.

O jornal de centro-direita Berliner Zeitung resume, assim, esta fase com o título “Chanceler procura companheiro”, enquanto o de centro-esquerda Süddeutsche Zeitung escreve “Merkel não pode fazer outra coisa a não ser escolher”.

O dia seguinte
Alguns sites noticiosos arriscam algumas pistas sobre o que se irá passar a seguir. É o caso da página online do Die Zeit, que afirma que entre uma união CDU/SPD ou CDU/Verdes “nenhuma das opções é confortável”. O Der Spiegel escreve que no SPD “ninguém quer realmente aliar-se a Merkel”, analisando que esta aliança “pode terminar como em 2009 ou pior”, numa referência às legislativas de há quatro anos, quando o SPD teve o seu pior resultado após ter governado coligado com Merkel. Quanto aos Verdes, o Der Spiegel recorda os maus resultados a nível regional da coligação com a CDU.

Em Espanha, o El País realça que “Merkel toca a maioria absoluta” e que a CDU consegue os melhores resultados desde 1957. O diário espanhol destaca ainda o “fracasso dos seus parceiros, os liberais, que sofrem uma baixa que os deixará pela primeira vez fora do Parlamento alemão”.

O espanhol El Mundo escreve que a chanceler alemã “superou todos os seus adversários” e se transformou “no primeiro líder a sair reforçado da crise económica da Europa”. Num editorial intitulado “Merkel entra na história com a sua terceira vitória”, o El Mundo acrescenta não ter dúvidas de que a “chave do êxito foi o crescimento sustentado da economia alemã (...) aliado à imagem de austeridade e eficácia com que conquistou os alemães”.

Em Itália, a vitória “histórica” de Merkel é capa no Corriere della Sera, bem como no La Stampa que diz que a Alemanha “coroou” o trabalho da chanceler com os seus votos. O La Repubblica sublinha, por sua vez, na sua edição o “fracasso para os anti-euro e os liberais”.

A “Thatcher da Alemanha”
No Reino Unido, o The Guardian sublinha que Merkel se “prepara para superar Margaret Thatcher como a mulher há mais tempo no poder após uma vitória histórica”. Uma alusão à antiga primeira-ministra britânica também é feita pelo Daily Mail. O jornal escreve que a vitória da chanceler este domingo torna-a a “Thatcher da Alemanha”.

O Telegraph realça, por sua vez, que uma Merkel “triunfante começa a procurar um novo aliado para uma coligação após uma vitória histórica” e que a chanceler deverá encontrar alguma resistência dentro do seu próprio partido a uma aliança com os Verdes.

Ainda no Reino Unido, o Financial Times considera que a necessidade de uma coligação para conseguir uma maioria absoluta é agora um “profundo dilema” para a líder alemã. O jornal considera que Merkel vai enfrentar dificuldades se insistir “num caminho de austeridade”.

Em França, o Figaro sublinha o “triunfo” de Merkel e o facto de ter “quase conseguido na noite passada a maioria absoluta de assentos no Bundestag”. O Le Monde diz que a Europa ficou em “suspenso” à espera do resultado das eleições na Alemanha e que o “poder tem um nome: Angela Merkel”.

O jornal grego Kathimerini escreve que com a vitória de Merkel o “melhor que a Grécia pode esperar” é que a chanceler “não adie decisões económicas cruciais para Atenas”.

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