Rajoy insiste na falsidade das acusações de corrupção contra o PP

Ao lado de Merkel e perante um batalhão de jornalistas, o chefe do Governo espanhol afirmou que lidera "um Governo estável" e não se vai demitir

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O PP “tem uma maioria, um objectivo claro e um rumo traçado”, disse Rajoy. Tobias Schwarz/.REUTERS

O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, enfrentou esta segunda-feira os jornalistas pela primeira vez, desde que surgiu directamente implicado num esquema de "saco azul" do seu Partido Popular. E fê-lo em Berlim, ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, para reiterar a sua inocência.

As acusações de que beneficiou ao longo de 12 anos de pagamentos de um “saco azul” gerido pelo então tesoureiro do PP, Luis Bárcenas, são “falsas”, disse Rajoy. “Encontro-me com a mesma vontade, coragem e determinação que tinha quando cheguei à presidência do Governo para ultrapassar os problemas de Espanha”, disse o líder do PP na conferência de imprensa conjunta com Merkel. “As coisas de que me acusam são falsas. Assim o disse e assim o reitero”, continuou o chefe de Estado espanhol.

O jornal El País, na semana pasada, reproduziu vários documentos contabilísticos que alegadamente provam que terá havido uma contabilidade paralela no Partido Popular. Durante duas décadas isso terá permitido aos dirigentes beneficiar de dinheiro recebido de donativos empresariais ilegais.

Os documentos do ex-tesoureiro do PP mostram que Rajoy terá recebido, desde 1997, cerca de 25 mil euros por ano, para além do seu salário oficial. Na lista de Bárcenas surgem também, entre outros, os nomes de Rodrigo Rato, Jaime Mayor Oreja, Francisco Álvarez-Cascos, Javier Arenas, Ángel Acebes e Dolores de Cospedal, actual secretária-geral do PP.

Na contabilidade secreta, para lá dos pagamentos à cúpula do partido, surgem ainda referências a “doações” feitas por empresários, na sua maioria ligados à construção civil. Seria deste dinheiro que entrava na contabilidade paralela do PP que saíam os pagamentos extras aos dirigentes.

Respondendo à exigência da sua demissão feita pelo Partido Socialista na véspera, Rajoy insitiu que se encontra à frente de um “Governo estável”. O secretário-geral do PS, Alfredo Pérez Rubalcaba,disse que o “escândalo Bárcenas” colocou a Espanha numa  “situação “inviável, impossível e ingovernável” e que o país precisava de um novo primeiro-ministro. Rajoy respondeu-lhe que “as opiniões são livres” e que não tenciona demitir-se. O PP “tem uma maioria, um objectivo claro e um rumo traçado”, disse Rajoy.

Merkel (que, segundo o El País, estava visivelmente incomodada por o tema Bárcenas ter dominado a conferência de imprensa) limitou-se a dizer que “a relação com o presidente do Governo espanhol é muito importante” e que continuará a trabalhar com ele.

“Todo o Governo e o seu presidente estão a trabalhar para reduzir o desemprego, fazer com que as reformas estruturais sejam eficazes e que a Espanha volte a ter a força que lhe corresponde”, disse a chanceler.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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