Obama condena “ataque ultrajante” na Líbia

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Obama garante que "será feita justiça" Foto: Mandel Ngan/AFP

Numa reacção ao ataque ao consulado dos EUA em Bengasi, na Líbia, que resultou na morte de um embaixador norte-americano, Barack Obama defendeu que todos devem “demonstrar uma oposição inequívoca à violência sem sentido” como a registada. O Presidente considerou o ataque “ultrajante” mas garantiu que as relações entre os dois países não serão afectadas.

Numa primeira reacção ao atentado, Obama indicou que deu instruções directas à sua Administração para “providenciar todos os recursos necessários e garantir a segurança das embaixadas [norte-americanas] em todo o mundo”. “Enquanto os Estados Unidos rejeitam os esforços que denegrirem as crenças religiosas dos outros, temos que inequivocamente opor-nos a este tipo de violência sem sentido que tirou a vida àqueles funcionários públicos”, acrescentou o chefe de Estado.

Numa declaração aos jornalistas realizada já esta tarde na Casa Branca, na qual esteve acompanhado pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, o Presidente foi peremptório: “Não tenham dúvidas, a justiça será feita”. E para isso, Obama diz que irá trabalhar em conjunto com as autoridades líbias.

Clinton reforçou as condenações ao que considerou “um ataque chocante para todas as consciências”, um trabalho “de um grupo pequeno e selvagem”, assegurando que os EUA preservarão a sua “amizade” com a Líbia.

Na noite passada, o consulado norte-americano em Bengasi foi incendiado. Segundo as autoridades líbias, os atacantes protestavam contra o filme “Innocence of Muslims” (“A Inocência dos Muçulmanos”), que acusam de atentar contra o islão. O embaixador Christopher Stevens, que estava a fazer uma curta visita a Bengasi e se encontrava no edifício da representação diplomática, morreu no ataque por inalação de fumo. Três outras pessoas – dois agentes de segurança do embaixador e um funcionário do consulado – também perderam a vida.

Fontes das forças de segurança líbias, citadas pela AFP, avançaram que terão sido utilizados rockets no ataque. Testemunhas ouvidas pela mesma agência noticiosa acrescentam que os homens armados que estiveram no consulado também recorreram a bombas artesanais.

Líbia aponta o dedo a apoiantes de Khadafi e à Al-Qaeda

Enquanto as autoridades do país tentam identificar os autores do ataque, o vice-ministro do Interior da Líbia, Wanis al-Sharif, veio já acusar apoiantes do falecido líder líbio Muammar Khadafi. Mohammed Magarief, presidente do Congresso Nacional líbio, fez a mesma acusação mas alargando indirectamente as responsabilidades à Al-Qaeda. “O que se passou ontem, coincide com o 11 de Setembro [de 2001, data dos atentados nos EUA] e tem um significado claro”, disse em Trípoli. Magarief, que garantiu que os culpados “não escaparão à punição”, deixou um pedido de desculpas “aos Estados Unidos, ao povo norte-americano e ao mundo inteiro pelo que se passou” e recusou que a Líbia seja utilizada “como um terreno de operações de vingança”.

O vice-primeiro-ministro líbio, Mustapha Abu Chagour, atribuiu o ataque a "extremistas". “As organizações da sociedade civil devem ter um papel na mobilização do povo contra actos criminosos cometidos por grupos extremistas que não representam o povo líbio”, defendeu num tweet.

O Parlamento Europeu, através do seu presidente, Martin Schulz, também já veio “condenar firmemente o atentado” e exigir às autoridades líbias que “façam tudo o possível para encontrar e condenar os autores deste crime”.

De Paris chega igualmente um pedido para encontrar e responsabilizar os autores da violência registada em Bengasi. “Reagimos para condenar estas acções absolutamente inqualificáveis e para exigir às autoridades líbias que tudo façam para deter os culpados e impedir estes abusos abomináveis”, afirmou o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius.

Em Itália, a notícia da morte do embaixador norte-americano e de três outros funcionários consulares foi recebida com consternação. “Condenamos com a máxima firmeza este gesto atroz”, sustentou o chefe do Governo, Mario Monti, que assegurou que Itália se manterá “ao lado das autoridades da nova Líbia democrática”.

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