Pais alertam que mais de 500 alunos estão sem professores por causa de conflito sobre fecho de escolas

No arranque do ano lectivo, mais de 500 alunos estão sem professores por causa da luta entre autarquias e tutela sobre o encerramento das escolas de ensino básico, dizem as associações de pais, apelando a à resolução do conflito.

O ano lectivo inicia-se hoje oficialmente, mas algumas autarquias mantêm a recusa em encerrar as suas escolas, apesar da determinação do Ministério da Educação nesse sentido e de os respectivos professores já terem sido colocados nos centros educativos para onde os alunos deveriam ser transferidos.

A presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados da Educação (CNIPE), Maria José Viseu, disse à Lusa que já tinha alertado para este problema do "encerramento compulsivo" de escolas, feito à revelia dos municípios, e que cabe agora ao Ministério da Educação resolver o problema que criou.

“Não tinha havido acordo com alguns municípios e este problema iria colocar-se no início do ano lectivo. Neste momento cabe à tutela resolver [a situação], uma vez que encerrou as escolas quando existia um acordo com a Associação Nacional de Municípios (ANMP)”, afirmou.

Lembrando que a “educação é um direito consagrado na Constituição e todos os alunos têm direito a educação de qualidade”, Maria José Viseu reafirmou que o “ministério tem de resolver esta situação”, porque não podem ser as crianças a sair prejudicadas desta luta.

A CNIPE ainda está a fazer um levantamento do número de alunos e turmas que tinha cada uma das escolas envolvidas, mas adianta que estando em causa o não encerramento de 29 escolas “com mais de 20 alunos cada”, serão “seguramente mais de 500 crianças”.

“Mas bastava ser só um aluno para haver este problema. A ANMP tinha um acordo com o Ministério da Educação e esse acordo foi quebrado pelo ministério quando encerrou as 701 escolas”, sublinhou.

Também o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) considera ser “inaceitável que no meio desta luta fiquem crianças”, mas aponta o dedo às autarquias e não ao ministério.

“Quando a lista [das escolas a encerrar] saiu, ou logo no dia a seguir, [os autarcas] poderiam ter dito que as escolas não iam fechar. É lamentável que esperem pelo início do ano lectivo para fazer esse anúncio e que usem crianças para fazer guerra política”, afirmou.

Perante isto, Albino Almeida, apela “a que haja bom senso” e a que os responsáveis “se sentem como se deveriam ter sentado quando a lista foi publicada e resolvam o problema”.

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