Vai começar operação arriscada de tirar barras de combustível nuclear de Fukushima

O edifício do reactor 4 está a ceder, e a piscina, onde estão cerca de 400 toneladas de combustível, fica no topo.

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A piscina do reactor 4 de Fukushima, onde estão as barras de combustível que serão removidas Kyodo/REUTERS

Nesta segunda-feira começarão a ser retiradas da piscina de arrefecimento do reactor 4 da acidentada central de Fukushima, no Nordeste do Japão, as 1535 barras de combustíveis ali armazenadas – uma operação que deverá demorar um ano e que é considerada extremamente arriscada. Mas também não podem ali continuar, pois a piscina fica a 18 metros de altura, no topo do edifício e este está a ceder e a inclinar e há risco de colapso, o que poderia causar um novo acidente nuclear.

“A segurança é a nossa prioridade”, assegurou Naomi Hirose, o patrão da Tepco, a empresa que explora a central onde se registou o pior acidente nuclear desde o de Tchernobil, em 1986. Há meses que a operação está a ser preparada e as capacidades da empresa, alvo de críticas de todos os lados pela forma como tem gerido a central atingida pelo sismo e tsunami de Março de 2011, vão ser analisadas de muito perto pelo Governo e pela nova agência de regulação da energia nuclear japonesa.

As barras de combustível usadas são colocadas nestas piscinas quando saem dos reactores para arrefecerem, mas naquele edifício meio destruído por uma explosão de hidrogénio poucos dias após o tsunami estão também 202 novas. Cada uma destas barras tem 4,5 metros de comprimento e está cheia de pequenas bolas de combustível, que a fazem pesar 300 quilos, diz a AFP.

Nesta piscina de dez por 12 metros há cerca de 400 toneladas de combustível nuclear, diz a Reuters – plutónio, um material radioactivo altamente tóxico.

Se houver outro tremor de terra de grande magnitude, que ponha em causa a integridade do edifício e se as barras de combustível ficarem expostas ao ar, ou se partirem, podem-se libertar grandes quantidades de gases radioactivos. Ou pode haver um incêndio e mais uma vez os gases e radioactividade que se libertarem podem espalhar-se por uma grande área – dependendo dos ventos, há a possibilidade de chegarem a Tóquio, 200 quilómetros para sul.

A operação que se inicia esta segunda-feira é “como tentar tirar cigarros de um pacote amarrotado”, disse à Reuters Arnie Gundersen, um engenheiro nuclear norte-americano veterano, hoje director da organização não governamental Fairewinds Energy Education. Um dos problemas é o lixo que ficou da explosão do reactor em Março de 2011 – os destroços maiores foram removidos, mas partes mais pequenas podem perfurar a piscina ou os invólucros das barras. 

Os guindastes e outro equipamento normalmente utilizado para remover as barras de combustível das piscinas de arrefecimento dos reactores – há outras nos reactores 1 a 3 – foram destruídos pelo sismo e tsunami. Nesta operação, a Tepco terá de colocar as barras retiradas da piscina número 4 numa câmara de aço, para isolar a radiação que emitem, mantendo-as sempre dentro de água para evitar que sobreaqueçam. Quando esta câmara estiver cheia será transportada para uma piscina comum num edifício que não está danificado, a cerca de cem metros de distância, descreve a Reuters.

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