A detenção de uma família de sírios que tentava abandonar o campo de refugiados de Zaatari, no Norte da Jordânia, desencadeou confrontos entre centenas de refugiados e a polícia jordana. Três sírios foram atingidos por disparos e um deles morreu no hospital.

“O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados [ACNUR] exprime a sua profunda tristeza na sequência da morte de um refugiado sírio”, diz a agência das Nações Unidas, em comunicado. Segundo o ACNUR, os confrontos fizeram dezenas de feridos, incluindo 28 polícias. Nove tendas e cinco caravanas foram incendiadas.

Tudo começou quando alguns refugiados perceberam que a polícia estava a deter os ocupantes de um carro que tentava deixar o campo. O motorista tentava “fazer sair clandestinamente do campo uma família de refugiados”, diz a ONU. “Rapidamente, centenas, talvez milhares, de refugiados” dirigiram-se para o posto da polícia “e lançaram pedras contra os agentes”. Estes terão pedido reforços e começado por usar gás lacrimogéneo para dispersar a multidão.

Residentes citados pela Reuters dizem que os ataques contra a polícia aconteceram quando um responsável da segurança atropelou uma criança de quatro anos.

Zaatari, a poucos quilómetros da fronteira síria, abriu no Verão de 2012 e rapidamente se tornou o segundo maior campo de refugiados do mundo, a seguir a Dadaab, que acolhe somalis no Leste do Quénia. Actualmente, vivem em Zaatari 106 mil sírios, o que faz do campo a quarto maior cidade da Jordânia. Ao todo, mais de 600 mil sírios encontraram refúgio no país.

Nos primeiros meses, os protestos dos refugiados contra as condições de vida no campo e os confrontos entre sírios e polícias jordanos eram quase diários. Com uma nova gestão do ACNUR e o desenvolvimento de uma relação mais próxima entre os responsáveis do campo e os refugiados a situação melhorou bastante no último ano e há muito tempo que não havia incidentes destas dimensões.

O número de refugiados sírios não pára de crescer – na semana passada, o ACNUR anunciou que no Líbano já registou mais de 1 milhão, mas o Governo libanês estima que o número real se aproxime dos dois milhões. Ao todo, as Nações Unidas, registaram até ao início de Abril, 2,585 milhões entre o Líbano, a Turquia, a Jordânia, o Iraque e o Egipto.