Ataque de extremistas a escola no Norte da Nigéria faz 42 mortos

Acção atribuída ao Boko Haram, que luta pela criação de um Estado islâmico, é a última de uma vaga de violência que fez milhares de mortos nos últimos anos.

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O Boko Haram reivindicou nos últimos anos ataques contra escolas, igrejas e organizações internacionais Afolabi Sotunde/Reuters

Extremistas islâmicos atacaram na última madrugada uma escola no Nordeste da Nigéria e mataram estudantes e pelo menos um professor. É uma nova prova dos níveis extremos de violência sectária na região, onde vigora desde Maio o estado de emergência.

Segundo um despacho da agência AP, citado pelo jornal Guardian, os atacantes entraram na escola – um colégio interno na cidade de Mamudo, no estado de Yobe – antes do nascer do sol, abrindo fogo sobre os alunos. Sobreviventes do ataque contaram que a escola foi incendiada e alguns dos estudantes morreram queimados.

A agência AFP cita responsáveis médicos para avançar com o número de 42 mortos.

A acção não foi reivindicada, mas as suspeitas recaem de novo sobre o Boko Haram, grupo extremista que luta pela criação de um Estado islâmico na região Norte da Nigéria (de maioria muçulmana), e que, depois das forças de segurança, passou também a escolher como alvo igrejas, escolas e organizações internacionais. Criado em 2004 e inspirado nos taliban afegãos, o nome do grupo remete para a sua mensagem: Boko Haram significa na língua hausa (falada no Norte) qualquer coisa como "a educação ocidental é um sacrilégio".

O pai de duas crianças mortas no ataque deste sábado disse ao correspondente da AP que irá ceder aos ditames dos islamistas: a chorar os filhos mortos garantiu que vai tirar os três que lhe restam de uma outra escola na vizinhança, lamentando que o Exército não garanta a protecção dos estudantes.

Em Maio, após uma vaga de atentados que provocou dezenas de mortos e desencadeou sucessivas represálias entre cristãos e muçulmanos, o Presidente nigeriano decretou o estado de emergência em três estados do Nordeste, enviando reforços militares para a região.

Na mesma altura, Goodluck Jonathan admitiu implicitamente que o Boko Haram controla já partes daquela região, uma admissão que se junta à feita em 2012 quando disse que a situação de segurança no mais populoso país de África é mais "complicada" do que durante a guerra civil de 1967-1970. Para além da violência islamista, que desde 2010 foi responsável pela morte de mais de duas mil pessoas no Norte do país, a Nigéria é palco de vários outros conflitos por território, religião e petróleo.

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