Susan Rice retira-se da corrida para chefe da diplomacia americana

Republicanos prometeram bloquear a nomeação de Rice, considerada a favorita para suceder a Clinton.

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Rice tem sido alvo de críticas por causa das suas declarações sobre o ataque à embaixada americana em Benghazi AFP PHOTO/Jim Watson

A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Susan Rice, anunciou na quinta-feira à tarde que se retira da corrida para suceder a Hillary Clinton como secretária de Estado norte-americana.

Rice, que era considerada a favorita para ocupar o cargo, tem sido alvo de duras críticas nos últimos meses por causa das suas declarações sobre o ataque à embaixada americana em Benghazi, na Líbia, a 11 de Setembro. Cinco dias depois do ataque, que causou a morte de um embaixador e três funcionários do Departamento de Estado americano, Rice defendeu na televisão americana que ele tinha sido uma reacção espontânea a um vídeo anti-islâmico produzido nos Estados Unidos.

Mais tarde, quando novos detalhes sobre o ataque emergiram revelando que se tinha tratado de um acto terrorista planeado, a oposição republicana acusou a embaixadora de enganar o público americano para proteger o Presidente Barack Obama durante a campanha presidencial.

Rice e a Casa Branca argumentaram que as declarações feitas na altura baseavam-se na informação recolhida pelos serviços de informação secreta americanos, mas os republicanos – que durante a campanha tentaram fazer de Benghazi um acto de encobrimento do governo americano equivalente a Watergate – não desistiram.

No rescaldo das eleições, quando o nome de Susan Rice começou a soar repetidamente como a mais provável sucessora de Hillary Clinton, senadores republicanos – entre os quais o ex-candidato presidencial John McCain – avisaram que fariam tudo para bloquear a nomeação de Rice, que precisa de ser confirmada pelo Senado.

Voluntariamente, Rice deslocou-se ao Senado para responder às perguntas dos senadores republicanos, mas as audiências não apaziguaram a oposição à sua nomeação. Uma senadora republicana do Maine, Susan Collins, disse que tinha ainda mais dúvidas sobre Benghazi depois de ouvir Rice.

O senador Bob Corker, do Tennessee, disse que Rice é vista como uma partidarista de Obama e que os republicanos preferem alguém “independente”. 

Rice, 49 anos, foi conselheira da campanha presidencial de Obama em 2008. Na primeira conferência de imprensa após a sua reeleição a 6 de Novembro, Obama defendeu Rice com veemência, dizendo que os senadores republicanos deviam ir atrás dele, não dela.

“Estou convencida de que, se fosse nomeada, o processo de confirmação seria demorado, agitado e custoso – para si e para as nossas prioridades nacionais e internacionais mais urgentes”, escreveu Rice numa carta enviada ontem ao Presidente Obama, em que pediu para a sua candidatura ao cargo de secretária de Estado ser retirada.

Num comunicado, Obama anunciou que aceitara a decisão de Rice, elogiando o seu trabalho como representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas, cargo que irá manter. “Apesar de lamentar profundamente os ataques injustos e equívocos contra Susan Rice nas últimas semanas, a sua decisão demonstra a força do seu carácter e um empenho admirável em elevar-se acima da política do momento para pôr os interesses nacionais em primeiro lugar”, escreve o Presidente americano no comunicado.

A retirada de Rice deixa o senador democrata – e ex-candidato presidencial de 2004 – John Kerry como o candidato mais provável para secretário de Estado. Os seus colegas republicanos já disseram que se a escolha da Administração recair sobre ele, a sua nomeação deverá ser facilmente confirmada.

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