Snowden tem informações sobre colaboração entre EUA e outros países

Responsáveis dos serviços secretos norte-americanos estão a avisar países sobre possível revelação. Entre esses países estão alguns que não são vistos como aliados dos EUA.

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Os EUA temem que documentos considerados mais sensíveis sejam revelados REUTERS/Glenn Greenwald/Laura Poitras

Os documentos obtidos por Edward Snowden incluem informações sobre programas de espionagem partilhados entre os EUA e outros países, entre os quais alguns que não são vistos publicamente como aliados de Washington.

Os responsáveis pelos serviços secretos dos EUA estão a alertar várias nações para a possibilidade de esses segredos virem a ser revelados, avança nesta sexta-feira o The Washington Post.

"Sem dúvida que é algo que nos preocupa, tal como o facto de a recolha [de dados sobre países aliados europeus] estar a ser noticiada. Talvez até seja mais preocupante, porque isto significa que podemos perder a capacidade de recolha de dados e também prejudicar as relações", disse ao jornal norte-americano uma fonte do Congresso, citada sob anonimato.

De acordo com o The Washington Post, um dos programas envolve a espionagem de alvos na Rússia com a colaboração "valiosa" de um país da NATO. "Se os russos soubessem do que se trata, não seria difícil tomarem as decisões necessárias para pôr fim ao programa", cita o jornal.

Mas a informação avançada nesta sexta-feira pelo The Washington Post serve também para aumentar a pressão sobre Edward Snowden, que se encontra na Rússia.

As fontes contactadas pelo jornal fazem questão de sublinhar que o próprio Snowden garantiu que não irá divulgar informações sobre operações de espionagem comuns em todos os países. Na semana passada, o antigo analista informático disse, numa entrevista ao The New York Times, que há "zero por cento de hipóteses de os russos ou os chineses terem recebido quaisquer documentos".

Numa entevista ao jornal britânico The Guardian, em Junho, Edward Snowden disse que avaliou "cuidadosamente" os documentos que forneceu aos jornalistas Glenn Greenwald e Barton Gellman e à realizadora de documentários Laura Poitras – as três pessoas que têm divulgado, principalmente no The Guardian e no The Washington Post, os programas de espionagem da NSA que envolvem a intercepção e o registo de comunicações de milhões de cidadãos e de chefes de Estado e de Governo.

O receio das autoridades norte-americanas, ainda de acordo com as fontes anónimas citadas pelo The Washington Post, é que sejam revelados documentos ainda mais sensíveis, que podem pôr em perigo a base da operação dos serviços secretos em assuntos que não envolvem a privacidade dos cidadãos.

"Dependemos em larga medida da partilha de informações com parceiros estrangeiros, na maioria dos casos governos – ou, em alguns casos, organizações dentro de governos. Se eles nos dizem alguma coisa, nós guardamos segredo. E esperamos o mesmo da parte deles", cita o jornal norte-americano. Se esta relação de confiança for posta em causa, "esses países, no mínimo, vão pensar duas vezes antes de decidirem se partilham alguma informação".

Em Julho, o jornalista Glenn Greenwald – que anunciou recentemente a sua saída do The Guardian – avisou que os documentos obtidos por Edward Snowden que não foram divulgados podem ser "o pior pesadelo" da História dos Estados Unidos.

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